“Eu estava num cruzamento, em meio a um engarrafamento de trânsito, atrás de dois carros e dois caminhões que iam também virar à esquerda, quando ela me apareceu outra vez”.
Eu não a vi, mas senti-a no meu corpo e no meu ser de tal maneira que não precisei dos meus cinco sentidos para lhe sentir a presença. Mais uma vez, tal como na visão noturna, a minha mãe disse-me para seguir o caminho certo. Sem hesitar e perceber porquê, virei à direita mudando o rumo do destino!
Nessa noite, ao ver as notícias, senti um baque. Se tivesse virado à esquerda, ter-me-ia envolvido no acidente daqueles dois caminhões a minha frente e os dois carros imediatamente atrás, que provocou a morte a de três pessoas. A voz da minha mãe salvara-me a vida naquele dia..
“Eu desistira de conseguir provas da existência da vida para além da morte, mas, agora a minha mãe me fornecia - através de uma visão noturna e um momento súbito de intuição. Finalmente eu via e ouvia os Anjos, e não apenas como antes imaginava”.
Não levei muito tempo a perceber, após aquele ponto de virada, que as dádivas do mundo espiritual já me haviam sido dadas a vida toda através de sonhos vívidos, pressentimentos e coincidências, só que não as vira pelo que eram na realidade...
“É muito raro os Anjos aparecerem às pessoas de asas abertas e auréola. Em regra geral fazem-no de modo sutil e menos espetacular. A minha mãe dera-me a maior das dádivas espirituais, a dádiva da consciência”.
Sendo teimosa e obstinada, fora preciso uma crise de fé para me abrir os olhos, renovar a fé. Isto não quer dizer que uma pessoa precisa de perder um ente querido e cair nas profundezas do desespero, ou escapar por pouco à morte para ver Anjos.
Algumas pessoas, adultas e crianças, são abençoadas com dons naturais de discernimento e/ou personalidades que, em vez de enfraquecerem, fortalecem-se com uma crise...
A mim, porém, foi a escola da vida que me ensinou. Incapaz de encontrar a paz e o sossego, e infeliz sem conseguir contatar o mundo dos espíritos, a dor tomara conta de mim, obrigando-me a abrandar, a parar.
“Eu pensava que a depressão era minha inimiga e que a resposta era afastá-la para poder regressar à vida normal, mas os Anjos achavam que não. Era preciso a transformação total ou nada!”
Precisava chorar a morte da minha mãe, e duvidar de tudo o que me havia ensinado, porque, se queria acreditar em Anjos, tinha eu própria de os sentir no meu coração.
Tinha de parar de imitar e agradar aos outros, de tentar arranjar «provas». E teria de encontrar um novo «Eu», nas profundezas da minha própria Alma, e um novo significado para a minha vida.
O filósofo Albert Camus expressa esta ideia melhor do que ninguém: «Encontrei em mim, nas profundezas do Inverno, um Verão invencível».
“Há tantos anos à procura de Anjos e eles sempre à minha volta. Somente não os via nem os compreendia. E a razão por que os procurava num espelho era porque me achava muito importante, além de sentir uma grande dose de impaciência e medo”...
A noção falsa que eu tinha do mundo psíquico limitava-me e impedia-me de ver para além de mim mesma e dos meus preconceitos.
Simplesmente, não havia espaço para Anjos no meu coração, e esperava que os meus poderes psíquicos fossem como um interruptor que ligasse assim que tivesse a informação correta ou as técnicas adequadas, e não percebia que a revelação psíquica tem a ver com o desenvolvimento da pessoa e que isso raramente acontece da noite para o dia.
Por vezes levamos uma vida inteira para aprender a confiar nos nossos instintos e a descobrir a coragem, a paciência e a humildade existentes dentro de nós...
“Trata-se também de aprender a amar-nos a nós próprios incondicionalmente e perdermos o medo de não nos integrarmos, e sermos apelidados de esquisitos; de não correspondermos às expectativas e, sobretudo, percebermos o que nossos sonhos, pressentimentos e sensações nos podem dizer de nós próprios”.
Talvez jamais conseguiria perceber ou de interpretar as minhas experiências com Anjos se não reconhecesse tais medos e dúvidas.
Tinha de aprender a confiar neles, deixá-los guiarem-me nesta e na vida seguinte; perceber que para aqueles com mentes abertas à possibilidade de milagres, os Anjos estão sempre e permanentemente à nossa volta, mas numa dimensão paralela, fora de nosso alcance...
“Em outras palavras, assim que entramos em contacto com nossa luz interior, quando começamos a acreditar em nós próprios, vemos, ouvimos e sentimos os Anjos de inúmeras maneiras, visíveis e invisíveis”.
De vez em quando aparecem-nos da maneira tradicional, com auréola, asas e rodeados de luz brilhante ou através dos espíritos dos entes queridos que passaram para o outro lado.
Mas para a maioria de nós, incluindo eu própria, manifestam-se através de um pensamento, uma sensação, um sonho, um sussurro, uma coincidência, uma pena branca ou [outras cores], e outros sinais surpreendentes...
“Os anjos podem falar-nos através de crianças, pássaros ou outros animais; a lufada de ar, um toque amoroso, uma canção na rádio, um livro inspirador, um aroma misterioso ou outros seres humanos, conscientes ou inconscientes, que foram guiados por uma dimensão espiritual”.
Para quem tenha a percepção sensorial certa, as possibilidades são inúmeras. E além de ter de aprender a perceber as diferentes maneiras de os Anjos nos aparecerem, tive de ultrapassar minha própria crença falsa de que, se podia ver Anjos, os problemas da minha vida estariam automaticamente resolvidos.
O tempo, a experiência de vida e as lágrimas derramadas, porém tinham-me ensinado que nada estava mais longe da verdade...
“No momento em que escrevo isto, recordo de novo a concepção errada de os Anjos serem capazes de fazer desaparecer os nossos problemas com um simples gesto mágico”.
Quando o devastador tremor de terra do Haiti reclamou milhares de vidas inocentes, o meu e-mail encheu-se de mensagens, perguntando-me como era possível os Anjos permitirem tal coisa.
Tento explicar que os Anjos não estão entre nós para evitar as tragédias, as injustiças, a violência e a dor do mundo, estão entre nós para nos lembrar que a Bondade e o Amor existem em nós e para além de nós e que, se escolhermos o caminho da Luz em vez do das trevas, essa mesma Bondade e esse mesmo Amor são capazes de vencer a dor e o desespero à nossa volta...
“Por razões que não compreendemos, o mundo não é justo e acontecem coisas às pessoas boas. Talvez um dia venhamos a compreendê-las, mas até lá temos de ter paciência”.
Tentar explicar o mundo espiritual em termos humanos e por que razão certas coisas acontecem, está para além das nossas capacidades terrenas.
Devemos procurar o que existe de positivo em nós e nos outros e deixar que os nossos Anjos-da-Guarda nos ajudem e orientem ao longo desta vida e da próxima. A única coisa que podemos fazer é confiar e rezar.
Orar pode parecer uma contribuição insignificante, mas acreditar que a bondade acabará por prevalecer, especialmente quando a vida é dura connosco, é uma das coisas mais importantes que as pessoas podem fazer.
No fim de contas crê-se que orar ergue o véu que separa esta vida da outra além da vida. A fé e a esperança podem aproximar a este mundo os Anjos e seu Amor puro e altruísta...
“Ao contar a minha evolução espiritual, juntamente com algumas das muitas frustrações e dúvidas por que passei ao longo do caminho, é porque espero ajudar as pessoas a conhecerem-me melhor e explicar por que razão, depois de escrever vários livros sobre Anjos, senti que devia escrever um acerca das nossas relações com eles”.
Pensei e continuo a pensar nas muitas pessoas que, como eu ao longo daqueles anos, anseiam por ver, ouvir e sentir Anjos, mas que se sentem frustradas e desiludidas.
Espero que este «guia» as ajude e seja uma fonte de informação sobre Anjos, como também uma fonte de inspiração e força quando as dificuldades, as dúvidas e frustrações se acumularem.
E perguntarem a elas próprias por que razão não conseguem ver Anjos, ou para onde foram eles...
“Este livro destina-se àqueles que têm paixão pelo espiritualismo, ou sentem que têm talento para inspirar, curar ou ajudar os outros, mas não sabem por onde começar”...
Pode também ajudar aos que sentem que não sabem o que fazem neste mundo, e aos que sentem que este mundo não faz sentido.
Principalmente, que seja lido por todos aqueles que precisam lembrar-se de que são centelhas divinas da vida. E que podem ficar descansados porque os seus Anjos nunca estão longe... (Theresa Cheung).
[Fonte: 'Como Ver, Ouvir e Sentir Seus Anjos', p. 12/22. Theresa Cheung. 2011. Planeta. http://www.planeta.pt/publisher/wp-content/files_mf/1333015764cutcomoverouvirsentirnossosanjos.pdf/Título original: 'How to See Your Angels'/Repasse de anjosensinosluz.blogspot.com/].
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