sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

O DESPERTAR DA CONSCIÊNCIA & 'O ANDARILHO DAS ESTRELAS' - (Michel Sokoloff).


“Um ser humano é uma parte limitada no tempo e no espaço, de um todo por nós chamado de ‘universo’. Ele tem pensamentos e sentimentos como algo separado do restante – uma espécie de ilusão de óptica da consciência.  A tarefa que nos cabe é libertar a nós mesmos dessa prisão, ampliando nosso círculo de compaixão para abraçar todas as criaturas vivas e toda a natureza em sua beleza”... (Einstein). [‘Reencontro com a Alma’, p. 137. Larry Dossey. Cultrix].

 

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(*) "Antes de reencarnar na Terra, você fez um plano do que pretendia alcançar... Fez contratos com todas as pessoas de sua vida: pais, irmãos, irmãs, parentes e amigos. Eles o ajudam a passar por tudo o que planejou realizar nesta vida"... (Dolores Cannon. Hipnoterapeuta). 

"Nossa intenção é deixar que as pessoas sigam seu próprio caminho para encontrar a verdade espiritual eterna, que faça sentido dentro da sua experiência de vida... Gostaríamos que estas palavras chegassem àqueles que estão abertos para essas verdades, que com elas se harmonizem e as usem para fazer brotar em si a ânsia pelo crescimento e o desenvolvimento interior"... (Anjo Ariel). 'Entrevista com um Anjo', p. 97. Pensamento).

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O Divino Poder da Arte Musical - (Max Heindel).
“Ao olharmos ao nosso redor, no universo material, vemos miríades de formas. Todas têm certa configuração e emitem um som definido; na verdade todas o fazem, pois há som mesmo na chamada natureza inanimada. O vento na copa das árvores, o murmúrio do regato, o marulho do oceano, são contribuições definidas para a harmonia da Natureza...

“Contudo... a arte da música tem o poder de falar a todos os seres [humanos e animais] de uma maneira mais além das outras artes. Aumenta nossas alegrias, conforta [a alma] e as mais profundas tristezas. Pode acalmar a paixão de uma natureza selvagem e despertar a bravura no maior covarde; é o fator mais poderoso conhecido para exercer influência sobre a humanidade. 

“Somente quando nos colocamos atrás dos bastidores do visível e compreendemos que o homem é um ser composto de Espírito, alma e corpo, é que entendemos por que somos tão diversamente afetados pelas três artes”. [Especialmente pela música]... (Max Heindel. 'Mistérios das Grandes Óperas'. O 'Parsifal' de Wagner).

Escolha uma música e a ouça durante a leitura dos textos: 

‘Relaxing Harp Music’. Meditation. (Mix). 

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O Despertar da Consciência & 'O Andarilho das Estrelas' - PREFÁCIO de Michel Sokoloff.
"Em 18 de dezembro de 1991, estávamos na Livraria Zipak assinando um contrato que faria nascer a editora Axis Mundi. Naquele exato momento, Michel Sokoloff percorria as prateleiras da livraria, enquanto um livro caía sobre nós. 'The Star Rover', de Jack London. A magia dessa estranha sincronicidade só iríamos desvendar muito mais tarde, numa praça em Marrakesh"... (Luis Pellegrini).
"Jack  London, nascido em 1876, morto em 1916, atravessou a vida como um cometa. Marinheiro, correspondente de guerra, vagabundo, especialista em prospecção, agitador socialista, fazendeiro, ele foi o escritor americano mais conhecido na Europa".

As reedições de seus livros se multiplicam, mesmo em nossos  dias, na Itália, no Japão, na Rússia e na França, pois sua personalidade marcante toca os homens de nosso tempo nos seus questionamentos mais íntimos e revela esse conflito permanente entre a razão, o pensamento conceitual, de um lado, e o vivido, o sentido, do outro...
"O que significa essa representação do mundo das idéias criada pela ciência para o homem que vive na sua carne o sofrimento e o enigma de estar no mundo? Numa reação contra sua  mãe, espírita e médium bem conhecida, Jack London toma-se decididamente materialista  e  se  engaja, a título pessoal, na luta para melhorar a condição dos oprimidos pelo sistema capitalista".

Inscrito no partido socialista, ele pede sua demissão no final de sua vida. E resume sua posição na dedicatória de seu último grande livro,  'O  Andarilho  das Estrelas', que endereça a sua mãe:
“Minha querida mamãe, aqui está todo o argumento da tua postura segundo a qual apenas o espírito persiste enquanto a matéria perece. Sinto-me bastante culpado de tê-lo escrito, porque não acredito em nada disso. Acredito que o espírito e a matéria estão tão intimamente ligados que ambos desaparecem juntos quando a luz se apaga. Teu filho, afetuosamente, em 21 de outubro de 1915”.

E, no entanto, toda a sua obra é habitada pelo mistério da vida que a transpassa. Ele prefigura esta humanidade do século vinte, dividida entre o homem de razão prisioneiro da armadura social e o ser humano que vive o drama de uma vida precária e limitada.

Para entrar no mundo de Jack London é preciso vibrar na sua mesma amplitude de onda. É a abertura à vida que permite o encontro com o Outro, você, seu semelhante, e o maior dos estranhos.

Essa estranheza de ser outro, Jack London a cultivou em sua obra, quando dizia: “Preferiria ser um soberbo meteoro, cada um de meus átomos irradiando um brilho magnífico a ser um planeta adormecido. A função do homem é a de viver, e não a de existir. Não desperdiçarei meus dias na tentativa de prolongar minha vida, quero queimar todo o meu tempo”...
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"Por qual misterioso jogo de circunstâncias encontrava-me em Marrakesh, no Marrocos, durante o Congresso Internacional sobre o Transe, em companhia de Luis Pellegrini? Estávamos num pequeno restaurante árabe dominante sobre a grande praça que fervilhava de vida intensa e tradicional".

Memórias de infância retornam... no mercado iluminado por lampiões a gás, milhares de atores acendem a lâmpada de Aladim... o espírito desceu sobre a vida. Luis começa a falar: que surpreendente personagem saído da Renascença italiana e do sonho veneziano. Ele fala de um livro de Jack London que quer editar no Brasil.

Sinto subir em mim o sentimento radiante da minha infância... olho para Luis e digo a ele: “Com certeza é O Andarilho das Estrelas”. “Sim” responde Luis, “como você adivinhou?” Não, não se trata de adivinhação, mas simplesmente do reencontro entre Um e o  Outro, este ser conjunto no calor de um olhar que vê a invisível Presença daquilo que não se diz: a consciência me leva ao mais profundo de mim mesmo. Once upon a time... (era uma vez...) Saint-Jean-Cap-Ferrat, em pleno verão.
"Um bebê acorda, abre seus olhos e sente-se invadido por uma luz que o inunda. Ele vê o sol aparecer e fundir-se nele, sobre um fundo de céu azul. Pela primeira vez, ele tem consciência de ser ao mesmo tempo sol, luz, céu, numa alegre evidência de si mesmo. Foi assim que encontrei, pela primeira vez, a criança solar".

Essa cena primitiva ficara impressa na minha realidade de ser, como o reconhecimento de uma segurança interior, vivida pela primeira vez de modo consciente. Eu tinha oito meses quando meus pais mudaram de casa, o que me permitiu situar esta experiência no tempo.

Luis me observa. Saberá ele ou não que o espaço da criança solar, este achado essencial do meu ser no mundo, é a pequena morte descrita por Jack London, tal como a carrego preciosamente em mim?

A lâmpada de Aladim iluminou-se entre nós; tenho de esclarecer isso através de algumas palavras, traços de um passado que pede para se incorporar lá, agora, diante da Grande Praça de Marrakesh, o verbo toma corpo...
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"Acontece meu segundo encontro com a criança solar. Eu tinha sete anos, a idade da razão despontava! No meu foro íntimo inscreveu-se o meu encontro com aquele que chamo “o Antiquário”.

Eu vivia em Menton, uma pequena cidade à beira do Mediterrâneo. Num canto da rua havia uma loja mágica que me fazia sonhar. O dono do lugar era um homem velho, de barbas brancas, que portava um pequeno boné para dissimular a calvície. Essa loja se chamava “Antiguidades”.

Quando eu não tinha aulas, gostava de parar diante dessa loja no caminho que descia para o mar, aquele mar onde, cada vez que mergulhava, reencontrava a criança solar como anos antes a vira no meu berço. Lançava olhares furtivos sobre todos aqueles objetos bizarros que parecia conhecer desde sempre, mas que eu não ousava ainda olhar de frente, como se uma certa timidez ainda me impedisse de as reencontrar. Era um lugar mágico do qual eu me tornava o mágico...
"Um dia, ao observar a vitrine, vi, entre outros livros, um livro. Foi bem depois que vi o título aparecer na minha tela mental - 'O Andarilho das Estrelas', de Jack London -, pois naquele momento, absorvido pela presença desse livro, mal pude ouvir uma voz ao mesmo tempo rude e carinhosa atrás de mim que me dizia:

“Então, garoto... o que é que tanto te atrai...?” Tomei o livro: ele era para mim, e apenas a mim dizia respeito. Mas o livro possuía tanta força que me caiu das mãos. Olhei para trás, um tanto inquieto com a minha falta de jeito, e percebi vagamente, como num nevoeiro, o velho antiquário barbudo, com seu boné, que me observava com muita simpatia:


“É esse livro que te atrai, garoto...? Você sabe, os  livros, quando a gente os encontra, não nos abandonam nunca mais. Fique com esse livro. Dou para você. É um presente. E cada vez que você sentir vontade, pode vir aqui no meu reino, onde você descobrirá todos os objetos que testemunham a tua presença no mundo”. Naquele instante um pacto se estabeleceu entre mim e aquele velho que chamei, “o Antiquário”.
"E cada dia em que sentia o coração pesado, ia naquela loja e fazia meus todos aqueles objetos vindos de longe. Durante todo o tempo, quando eu me prolongava através daqueles objetos, como num ritual preestabelecido entre nós, o velho sentava-se numa poltrona de estilo colonial".

O silêncio tomava-se mais e mais denso com as nossas presenças, e eu sentia crescer em mim uma sensação de bem-estar, de ressonância de um com o outro. Ao final de um tempo, eu estava pacificado, feliz, eu e o antiquário, ambos presentes numa mesma qualidade de silêncio. Ele jamais interferia com uma palavra qualquer que pudesse quebrar a magia do indizível.

Lembro-me com precisão da cena que segue... O mar estava a 500 metros do antiquário. A margem da água havia uma gruta, iluminada do alto por uma fenda que deixava passar a luz. Eu me escondia lá para escutar o murmúrio das ondas...
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"Naquele dia, o barulho do mar era muito forte... eu começava a leitura do livro e, enquanto todo o meu ser se prolongava até o próprio espírito que animava esse livro, eu me identifiquei com seu herói aprisionado por toda a vida por um crime passional. Esse homem, vítima de um de seus companheiros de cativeiro, estava encerrado dentro de uma pequena cela".

A cada dia, o diretor da prisão vinha vesti-lo com uma camisa-de-força cada vez mais apertada, para obrigar o protagonista da história a admitir um crime que ele teria cometido contra a instituição e que só tinha realidade no seu próprio delírio.

Um dia, quando o diretor apertava mais e mais a camisa-de-força, esse homem sentiu seu corpo relaxar-se completamente. Ele estava livre da armadura da opressão, ele podia ver seu corpo aprisionado, e fazia isso com toda a serenidade porque tinha se desidentificado... 
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"Agora o prisioneiro podia desafiar o opressor e o provocar para que apertasse ainda mais a camisa-de-força que o aprisionava, como se essa constrição imposta à sua forma provocasse um movimento de expansão e de liberação do seu ser".

No final da história, o herói se precipitava na morte pelas mãos do opressor. Mas, para ele, tratava-se de um retorno à sua liberdade de ser, o supremo desafio a todas as opressões. Eu fechei o livro..

A gruta estava iluminada por uma luz muito suave; pela fenda, eu via o céu e tinha a sensação de crescer até tocar o firmamento dos deuses. Ao ascender ao indizível, eu aprendia as duas faces do mundo, sua sombra e sua luz. Meu herói e eu éramos os únicos a descobrir a chave.

Existia, de um lado, a escola, a injustiça, a pressão social, a luta de classes, o conflito, e, do outro lado, o transe tranqüilo, o silêncio upon  a  time (acima... do tempo). Novamente eu sentia em mim essa sensação de ser a criança solar.
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"Só percebi o poder dessa experiência muito mais tarde, quando tive de enfrentar a opressão nazista e suas  conseqüências: a destruição sistemática do meu ser pela tortura física e psíquica. Mas, da mesma forma que o herói do meu livro, eu estava animado por uma energia vital que permitia que eu me prolongasse até os fundamentos do meu ser, para além de todos os discursos e todas as repressões".

Ao retornar dos campos de concentração, e habitado por essa força vital, reentrei no campo social; fui tomado, então, por uma única pergunta: a de como os homens, quando perdem o contato com esse estado da criança solar, podem chegar ao holocausto organizado, pondo em ação a metáfora do medo, do horror e da solidão. Como podemos viver sem essa presença interior sem nos tornarmos loucos ou desesperados?

Você vê, LUÍS, um analista diria que eu me identifiquei com o andarilho das estrelas e simbolizei a indizível realidade da criança solar surgindo em mim a face da armadura social que me encerrava por todos os lados.

Estaria eu bem consciente do jogo em questão, ou tudo não passaria de uma representação posterior de uma realidade nunca desaparecida? No entanto, a evidência interior de ter estabelecido a comunicação com o meu futuro permanece completamente viva ainda hoje, quando entrei no meu septuagésimo ano de existência terrestre. Qual será essa mensagem vinda do meu futuro?
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“Viva os poucos anos que ainda te restam e fortifica em ti a criança solar. Teus únicos aliados: a floresta onde escutas o silêncio que te fala, o tremor de alegria com o qual te lanças ao mar nos dias de tempestade, esta gruta banhada de luz, o grande sicômoro do alto do qual podes assistir ao teatro em pleno verão, a divina liberdade de estar no mundo.

Em breve deverás passar pela prisão social e física, e para dela te liberares só poderás contar com a criança solar ancorada no mais profundo de ti”...

Qual é esse lugar misterioso em nós onde habita a força vital das origens aqui e agora? E como escrever sobre ela, já que toda escrita não passa de traços sobre uma página branca, do mesmo modo que todo pensamento?

A vida precede sempre a palavra que a representa, salvo nos instantes de graça do poeta que todo ser carrega em si. Não é nossa imanência interior que fala e nos transporta na alegria e no entusiasmo da criança  solar? Mas quem sou eu? As palavras às quais me identifico? Ou a criança solar sempre adiante das palavras e da história? 
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"Alguns meses mais tarde, Luis veio me visitar em Genebra e pediu-me para escrever um prefácio para a edição brasileira d'O Andarilho das Estrelas. Não gosto de escrever, preciso ter a presença real do outro para que apareça em mim o narrador. Não sei fazê-lo apenas com a presença de uma folha em branco".

O telefonema para os leitores que ainda virão... Isso não funciona para mim. Luis, sentado no sofá à minha esquerda, olha intensa-mente para mim e aguarda minha resposta.

Este é o nosso terceiro encontro: o primeiro aconteceu em Daramsala, na Índia, quando esperávamos o Dalai Lama, e o segundo em Marrakesh, no Marrocos, entre dois filhos de Oxalufã que estão na terra para viver e não para existir. Existem buscadores de vida como existem buscadores de ouro.

Eu me pergunto: ousarei escrever? Súbito, o espaço ao nosso  redor começa a vibrar, a face de Luis se transforma, uma grande suavidade, uma grande calma o circundam, o espírito dos seus ancestrais venezianos o anima. Cada vez que isso acontece, há a surpresa de estar lá e de flutuar no espaço do presente intemporal da criança solar. Aparentemente nada mudou; simplesmente escutamos juntos vibrar o silêncio da noite que murmura ao ouvido: 
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“Ouse escrever livremente, deixe sua mão dançar e deixe aparecer, sobre a folha branca, as poucas pequenas coisas que dão um sentido à sua vida; ofereça-as àqueles que lerão sua mensagem e não abandone jamais o entusiasmo que anima você. Precisará de muito humor para viver plenamente o reencontro com o ser totalmente estranho àquilo que você pensava ser”.

Jack [London], Luis e eu estamos em ressonância na mesma amplitude de ondas de um presente intemporal. É exatamente disso que ele me pede para falar; e o paradoxo está no fato de que “isso” é por natureza misterioso e inatingível. Trata-se exatamente de um prefácio que se tomará o posfácio do livro de minha vida...
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"Continuo, portanto. Aos dez anos, novamente, o estranho cruzou meu caminho. Depois de um período em que por dois anos só cursei a escola da vagabundagem, pedi a meus pais para começar a trabalhar. Chegara para mim o tempo de enfrentar a armadura social".

Tempos mais tarde, minha mãe encontrou um novo companheiro, e eu, enfim, encontrei um pai, quer dizer, alguém que tinha autoridade para sê-lo. Por três anos pude desfrutar da sua presença, e então os fados o levaram para o Leto, o mundo do  espírito.

Deus meu! O quanto chorei! Como é estranha a presença da ausência! Três meses após a sua morte, eu desperto; são quatro horas da madrugada e seu fantasma está ali, a poucos metros do meu leito, vestido com uma longa camisola de dormir feita de nuvens, como um holograma vaporoso, imóvel, que lentamente se dissolve...
"Às oito horas da manhã, não percebo mais que três pequenos pontos brancos no lugar dos olhos e do coração. Mas onde eu estava durante todo esse tempo? Sou incapaz de me recordar, salvo que escondia a cabeça sob os lençóis e depois olhava de novo, e ele estava sempre lá, indiscutivelmente real para mim".

Foi depois dessa aparição que tive a convicção de que aquele a quem chamava “o tio Jean” iria me acompanhar na viagem iniciática da existência. Os umbandistas diriam que eu tinha encontrado o meu “preto-velho”.

Tudo a seguir correu muito depressa - meu  pai continuou a beber para esquecer, minha mãe encontrou um outro protetor, e eu me perdi, arrastado pelo turbilhão da guerra.
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"A lenta descida aos infernos começara: 1939, 40, 41, 42, minha prisão e condenação por um tribunal especial de guerra alemão a 12 anos de encarceramento quando eu tinha apenas 18 anos; e depois aconteceu minha fuga, e minha luta contra o nazismo na Alemanha".

Uma noite, meus companheiros colocavam explosivos plásticos numa ferrovia enquanto eu estava de tocaia; ouvi alguém que engatilhava uma arma para atirar. Volto-me naquela direção e atiro num soldado alemão; corro e percebo que a arma dele estava emperrada. Tomara que eu não o tenha matado!

Não, eu não sou um matador, eu não tenho nada a ver com esse pesadelo. E preciso sair desse turbilhão absurdo e insensato. Fujo. Fui preso na fronteira alemã, enviado a Berlim e torturado pela Gestapo. Foi nesse exato momento que vasculhei atrás do espelho, no intemporal...
"Eu era ao mesmo tempo a criança solar no seu berço, o andarilho das estrelas na sua gruta, o jovem adolescente vibrando com seu pai surreal... todos esses espaços-tempos estavam ao redor de mim como um gigantesco caleidoscópio".

Segundo a velocidade com a qual eu me deslocava sobre esse eixo vertical ao centro da esfera, as imagens rodavam num turbilhão de velocidade maior ou menor. Em certos momentos, a velocidade era tão grande que simplesmente não mais existiam imagens.

Na realidade, é impossível descrever; é como um perfume que vem de longe e, ao mesmo tempo, eu era esse longe, observando meu corpo torturado e ouvindo o oficial alemão dizer: “Das ist zweck loss, in diese zustand er wird nicht mehr sprechen”. (No estado em que ele se encontra, não dirá mais nada).
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"Era um paradoxo bem real. O andarilho das estrelas e a criança solar que eu havia imaginado estavam fora do alcance desse universo carcerário que outros homens haviam criado em seu delírio. Jack, um irmão no intemporal, tinha me oferecido o seu livro como prefácio à minha vida; o tio Jean me assinalara esse mesmo espaço imaginário e eu fora maravilhado sem nada compreender".

E se esse mundo de antimatéria, surgindo às vezes na minha realidade material, fosse justamente aquilo que a ciência chama de acaso, essa misteriosa carícia que escapa às leis imutáveis da razão, então tudo se tomaria possível, mesmo o fantasma coerente, aquilo que a ciência chama de milagre sem nele acreditar.

E se os homens, um dia, ousassem viver assim, passando da causalidade á finalidade de si próprios? Como no tempo dos gregos, essa mudança de paradigma passa pela descida aos infernos e a necessidade de cortar a cabeça de Górgona para descobrir desse modo o caminho da liberdade. Por que o preço a pagar por esta liberdade é tão caro no mundo dos homens?

Como o herói de Jack London, estou vivendo a pequena morte, observo meu corpo entregue à tortura e, subitamente, uma luz extraordinária me invade e desmaio numa claridade infinita. Novamente a criança solar dança com o mar e o céu da sua infância.

1943, 1944, como Perseu, a Górgona me agarra por todos os lados e, como refúgio, resta-me apenas o espelho da criança solar onde são projetados meus encontros com o futuro. Cada passagem do meu devir tinha o poder de aniquilar as trevas do grande encerramento nazista...
"Vinte e oito de abril de 1945.  Estou paralisado sobre um colchão no salão dos moribundos do campo da morte. Os alemães me quebraram  a coluna  vertebral, enquanto lá fora tudo se move. Procuro me erguer na medida do possível e vejo através das grades, os soldados russos uniformizados, no  meio de uma multidão de mãos estendidas para a vida que re-nasce"...

Meus companheiros de miséria desfilam, cuidam de mim, e,  levada pela solidariedade humana, a criança solar desperta em mim. Sim, danço novamente; apesar do sofrimento e da paralisia das minhas pernas, eu sou a certeza viva de que tudo aquilo que existe pode ser transformado.

Agora é a noite da liberação, sinto vibrar a presença da vida que renasce em toda a Europa. A criança solar está lá agora, e isso significa alguma coisa a mais.

A esquerda do meu leito, uma freira está sentada, um véu branco cobre o seu rosto, eu lhe faço perguntas, ela responde e depois desaparece. Alucino? Não, ela está lá de novo, e depois novamente desaparece. Por um bom tempo jogamos esconde-esconde, não me lembro de nada e no entanto ela respondeu a todas as minhas perguntas. A única coisa de que me lembro é desta mensagem: 
“Agora tu és livre para dispor de ti mesmo; você ousou, você está livre para descobrir o universal”. Foi nesse momento que compreendi que tio Jean partira na direção do seu devir. Eu iria renascer e descobrir o mundo como no primeiro dia da criação...

Neste 22 de fevereiro de 1993 completei 69 anos e sinto a mesma força que me impulsiona a descobrir a estranheza do Outro, meu semelhante. Retorna-me à memória a explosão de riso interior quando, por ocasião do meu retorno da deportação, em 1945, o médico-chefe me anunciou que eu ficaria paralítico por toda a vida.

E me vi projetado no meu futuro, respondendo-lhe: “Doutor, estaremos juntos no momento da festa de Natal de 1949 e o senhor pode ver que eu caminho e danço com o senhor”...
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"Depois aparece na minha memória minha experiência em Lourdes, em 1947, ao retornar da peregrinação do rosário. Aquele despertar na estação ferroviária de Nice, quando minhas pernas estão direitas, todas as análises revelam-se normais, enquanto oito dias antes elas estavam dobradas a 90 graus e as análises clínicas eram catastróficas.

No caminho da liberdade encontrei seres humanos que me acompanharam e que transformaram aquele deserto do Éden em Paraíso do desejo satisfeito. A criança solar ainda e sempre dança em mim, com meus companheiros de viagem e meus velhos amigos de outrora, o andarilho das estrelas, o Antiquário, o tio Jean, a gruta da minha infância, o mar e minha mãe no meio das árvores.

Jack London, como eu, conheceu a miséria de uma infância solitária passada num mundo hostil, e um ponto nos reuniu: nós dois ousamos, com toda nossa força vital, assumir o risco de modificar a implacável realidade a partir da nossa subjetividade, a mais íntima e a mais secreta.

Por que e como, através do meu reencontro com o Brasil, o Templo Guaracy de São Paulo e Luis Pellegrini, meti-me a vagabundear com vocês no coração da memória, traçando de novo aqueles instantes de fulgor onde passado e futuro fundem-se numa mesma luz?
“Vivei e deixai viver”, é a expressão mais direta da liberdade face às trevas que nos escondem o dia e a noite do mundo. Estas poucas palavras surgem de algo distante que vocês me permitiram evocar, e por isso eu lhes agradeço da mesma forma que a meu companheiro de sempre, Jack London... (Michel Sokoloff).

[Fonte: https://www.passeidireto.com/arquivo/18175930/jack-london---o-andarilho-das-estrelas/ Repassado com inclusão de imagens por https://anjosensinosluz.blogspot.com/].

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SOMOS TODOS UM
"Sente-se, Jessica, veja como o chão do céu/ Traz uma camada espessa de traços de ouro brilhante./ Não há o mínimo orbe que você contemple,/ Mas, no seu movimento, como um anjo canta,/ Ainda se mostrando aos querubins de olhos jovens;/ A harmonia que está nas almas imortais,/ Mas enquanto esta lamacenta veste de decadência/ Fecha-se pesada sobre ela, não podemos ouvi-la"... (Shakespeare - 'O Mercador de Veneza'). [Citado em 'Milagres Inesperados', p. 6. David Richo. Pensamento. 2001].

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[Editado, 02 de dezembro de 2016 - Rio das Ostras/Rio de Janeiro ]. 

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