“Na busca de sua Alma e do sentido de sua vida, o homem descobriu novos caminhos que o levam para a sua interioridade: o seu próprio espaço interior torna-se um lugar novo de experiência”...
Os viajantes desses caminhos nos revelam que somente o Amor é capaz de gerar a Alma, mas o Amor precisa também da Alma.
Assim, em lugar de buscar causas, explicações psicopatológicas às nossas feridas e aos nossos sofrimentos, precisamos, em primeiro lugar, amar a nossa Alma, assim como ela é.
Deste modo é que poderemos reconhecer que estas feridas e estes sofrimentos nasceram de uma falta de Amor...
“Por outro lado, revelam-nos que a Alma se orienta para um centro pessoal e transpessoal, para a nossa unidade e a realização de nossa totalidade”...
Assim, a nossa própria vida chegará em si um sentido, o de restaurar a nossa unidade primeira. Finalmente, não é o espiritual que aparece primeiro, mas o psíquico, e depois o espiritual.
E a partir do olhar do imo espiritual interior que a Alma toma seu sentido, o que significa que a psicologia pode de novo estender a mão à teologia...
“Esta perspectiva psicológica nova é fruto do esforço para libertar a Alma da dominação da psicopatologia, do espírito analítico e do psicologismo, para que volte a si mesma, à sua própria originalidade”...
Ela nasceu de reflexões durante a prática psicoterápica, e está começando a renovar o modelo e a finalidade da psicoterapia...
“É uma nova visão do homem na sua existência cotidiana, do seu tempo, e dentro de seu contexto cultural, abrindo dimensões diferentes de nossa existência para podermos reencontrar a nossa Alma”.
E poderá alimentar todos aqueles que são sensíveis à necessidade de colocar mais Alma em todas as atividades humanas.
A finalidade da presente coleção é precisamente restituir a Alma a si mesma, e “ver aparecer uma geração de sacerdotes capazes de entender novamente a linguagem da Alma”, como C. G. Jung o desejava. (Léon Bonaventure).
A minha mãe, Megumi Yamaguchi Shinoda, formada em Medicina, apesar de não ter tido a mesma oportunidade, ela se empenhou em ajudar-me a me tornar adulta, sentindo que eu era afortunada por ser uma menina, e poderia fazer o que eu quizesse ou aspirasse como mulher... - (Jean Shinoda Bolen).
Prólogo à Edição Brasileira
“Todos nós necessitamos do encontro com o outro para o encontro consigo mesmo. Esta é a faísca geradora do conhecimento e da transformação que é parte potencial em nós”.
Essa necessidade natural de encontrar-se e descobrir-se aparece desde sempre: “Abrirei minha boca em parábolas, revelarei coisas escondidas desde a criação do mundo”. (Mt. 13,35).
As parábolas foram usadas para os primeiros contatos e revelações na relação Deus-ser humano...
“Os mitos, assim como as parábolas, nos aproximam da comunicação dos deuses com o homem, possibilitando uma religação com a dimensão cósmica e sagrada, a busca da própria verdade, o encontro com a Alma”...
É em busca da origem da mulher, da sua história, do seu mito, que a autora descreve os caminhos da mulher, baseada em imagens simbólicas trazidas pelas deusas gregas que estiveram e estão vivas na imaginação.
A grandeza das deusas mitológicas, assim como das imagens arquetípicas descritas por C.G. Jung, está na eternidade de sua essência e em sua permanência na mente humana.
As imagens simbólicas dos arquétipos enriquecem e ampliam nossa consciência; elas tem diferentes aspectos do Self, si-mesmo, e o seu conhecimento permite à mulher compreender e desvendar seus próprios sentimentos e recuperar seu Eu.
“Despertar para a mitologia significa estar desperto para a realidade da vida. Atender ao chamado de cada deusa (em nós mesmos) e dos diferentes relacionamentos que ecoam em nós; descobrir-lhes o sentido e o significado em nosso cotidiano, é o caminho para resgatar nossa Alma”.
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A reflexão e assimilação do conhecimento das “deusas e a mulher”, propiciam para o ser humano, homem e mulher, um guia para a sua Alma, em busca de sua integridade.
A rotina a ser vencida, cheia de obstáculos sociais; a assimilação da cultura e do conhecimento; o compromisso socio-profissional; o compromisso de ser mãe, muitas vezes em choque com as outras possibilidades...
[Julgamento de Éris - Deusa da Discórdia]
“Tudo isso se faz presente como a Éris (deusa da discórdia), e nos força a repensar e reposicionar perante a vida”.
A discórdia é um fator primordial presente nos questionamentos, dúvidas e também nas alianças, integrando aspectos do inconsciente, a sombra, abrindo espaço para a necessidade de liberação e desenvolvimento da consciência.
A quantidade de opções que somos obrigados a fazer ao longo da vida só nos alimenta e ilumina, quando vem ao encontro de nossa inteireza. Essa é a proposta de Jean Shinoda Bolen.
[Faces de Afrodite, separam Amor da Alma e o carnal]
“As sete deusas que a autora descreve - Ártemis, Atenas, Héstia, Hera, Deméter, Perséfone e Afrodite, são ainda hoje sete possibilidades excludentes de ser mulher”.
A autora nos mostra através do mito do julgamento de Paris, exemplo de princípio patriarcal, como se estabeleceu a exclusão das possibilidades femininas.
Houve uma primeira seleção com a escolha de três deusas - Hera, Atenas, Afrodite, e a vitória de Afrodite, que recebeu a maçã de ouro, em detrimento das demais...
Assim, “compreensão, conflitos, alianças ocorrem na psique da mulher, como uma vez ocorreu no Olimpo. Eleger Afrodite, deusa alquímica do amor, sem destronar as outras, como fez Paris, é a nossa missão, nosso desafio de hoje”...
Se a mulher não estiver em harmonia com suas deusas, com sua própria Alma, será usada como fantoche, criticada, culpada, e não conseguirá se firmar, ser verdadeira quanto aos seus próprios valores e sentimentos, ficando mutilada nos vazios das deusas, e esquecida.
É imprescindível para a mulher a vivência dos predicados da deusa Afrodite e, com a abertura que ela propicia, que venham Hera, Atenas e as demais deusas.
Assim se concretiza a possibilidade da individuação... é o tornar-se Um consigo mesmo e, ao mesmo tempo, com a humanidade toda, em que também nos incluímos”... - (C.G. Jung).
“A autora fornece alguns instrumentos de sua experiência, enquanto analista junguiana e participante de movimentos feministas, para que os desejos e as necessidades da mulher sejam vividos através do encontro com suas deusas interiores”...
Que a mulher não permaneça dominada pelo arquétipo de uma única deusa, nem obrigada a vivenciar todas, mas descubra seu próprio mito, construa sua própria história e privilegie sua escolha interior.
E que a característica básica da mulher de participar muito de perto da ação, do nascimento - não sirva mais para lhe tirar o direito mais sagrado: nascer enquanto mulher, ser dona do seu desejo e vivenciar os diferentes aspectos das deusas em sua vida... (Leda M. D. Quinete Maas).
Prefácio do Livro Original em Inglês.
“Gostaria de chamar sua atenção, especialmente se você for um daqueles leitores que devem ser, como eu, resistentes ao tema”...
Afinal de contas, como podem as deusas mitológicas de um passado patriarcal nos ajudar a analisar nossas realidades em curso ou alcançar um futuro igualitário?
Assim como é mais provável que compremos livros recomendados por amigos em quem confiamos, minha inspiração para ler esse manuscrito veio do fato de conhecer sua autora.
Encontrei a doutora Jean Shinoda Bolen quando ela estava organizando um grupo de psiquiatras para a ERA. (ERA = Equal Rights Amendment).
Tratava-se de um grupo de mulheres e homens dentro da Associação Psiquiátrica Americana cuja experiência profissional os tinha levado a acreditar que o tratamento igual sob a lei, era crucial para a saúde mental das mulheres. Contudo, aprovaram a passagem da Emenda dos Direitos de Igualdade...
Todos os grupos são o resultado de muitos esforços, mas Jean foi claramente uma organizadora eficiente e inspirada do citado grupo. Não apenas supervisionou tal grupo e inflamou a imaginação de suas colegas; prosseguiu também no pormenor de formar uma coesa organização nacional de pessoas ocupadas e desencontradas.
Nesse processo ela tomou cuidado para ligar as diferenças de gerações, raciais e profissionais, para indagar informação relevante e exata, e tratar com dignidade e alguma nova compreensão até o mais resistente adversário.
Observar Jean em ação não deixou nenhuma dúvida de que ela era uma organizadora prática, versada no aqui e no agora, uma revolucionária tolerante cuja calma benéfica e espírito compreensivo eram testemunhas para o mundo melhor que uma revolução feminista poderia trazer.
Ajudou a criar um centro de modificação dentro de uma das mais prestigiadas e influentes organizações profissionais do país: tudo isso como mulher, e mulher da minoria, dentro de uma profissão 89% masculina, ainda mais esmagadoramente branca e muitas vezes ainda limitada pelas teorias masculinas dominantes de Freud.
Quando a história da Associação Americana de Psiquiatria for escrita, e talvez a história da responsabilidade social entre os psiquiatras em geral, suspeito que a ação dessa mulher pequena e de fala suave será uma força importante.
[Jean Shinoda Bolen]
“Enquanto lia os primeiros capítulos de 'As deusas e a mulher', pude ouvir a voz fidedigna de Jean em cada sentença de sua prosa clara e despretensiosa”...
Contudo, havia ainda indicações de uma predestinação romântica ou inibidora em meus pensamentos quanto à deusa a surgir. Uma vez que Jung e outros que reconheceram tais arquétipos no inconsciente coletivo terminavam com as polaridades ou/ou, masculino/feminino.
Inibindo, portanto, os homens e as mulheres da sua integridade, e deixando as mulheres no inevitavelmente menos compensado fim do espectro - preocupei-me quanto ao modo como esses arquétipos podiam ser usados pelos outros ou o modo como as próprias mulheres podiam ser encorajadas a imitar e, assim, aceitar suas limitações.
Foi a explicação das deusas individuais que não apenas afastou minhas preocupações, mas abriu novos caminhos para a compreensão. Em primeiro lugar, há sete arquétipos complexos para examinar e combinar de várias formas, e cada um traz consigo uma infinidade de variações.
Eles nos levam além da dicotomia simplória da virgem-prostituta e mãe-amante, que aflige as mulheres no patriarcado. Sim, há deusas que se identificam inteiramente por seu relacionamento com um homem poderoso - afinal de contas, elas viviam sob o patriarcado, como nós - mas mostram também seu poder, com subterfúgios ou abertamente.
E há também modelos de autonomia, que assumem várias formas, da sexual e intelectual à política e espiritual. Mais estranho ainda, há exemplos de mulheres resgatando e ligando-se uma com outra.
Em segundo lugar, esses arquétipos complexos podem ser combinados e invocados, de acordo com as necessidades da situação de uma mulher ou do aspecto subdesenvolvido de si mesma.
Se a olhadela nos meios de comunicação de um padrão, pode ter tal impacto na vida das mulheres, quão mais profundas deveriam ser a ativação e suscitação de um arquétipo dentro dela?
Finalmente, não há nenhuma instrução para estereotiparmo-nos ou limitarmo-nos a uma deusa ou ainda a diversas. Juntas, elas compõem o círculo total das qualidades humanas...
“Na verdade, cada uma delas surgiu da fragmentação de uma deusa, a Grande Deusa, o humano feminino total que certa vez viveu em tempos pré-patriarcais - ao menos na religião e na imaginação”...
Talvez então, como agora, imaginar a integridade foi o primeiro passo para realizá-la. No mínimo, essas deusas arquetípicas são um modo sucinto e útil para descrever e analisar muitos padrões de comportamento e traços de personalidade.
No máximo, são modos de visualizar e dessa forma evocar forças necessárias e qualidades dentro de nós mesmos. Como Alice Walker, poetisa e novelista, diz de modo tão comovente em The Color Purple, imaginamos deus, e colocamos nele ou nela as qualidades de que necessitamos para sobrevivermos e crescermos.
O valor mais alto deste livro consiste nos momentos de reconhecimento que ele proporciona. A autora os rotula como momentos de “Aha!”: aquele segundo pleno de insight, quando compreendemos e internalizamos.
Quando reconhecemos que nós mesmos experimentamos e sentimos confiança por causa daquela verdade, e aí somos levados a um passo a mais, até uma compreensão do “sim, é isso mesmo!”
Cada leitor aprenderá alguma coisa diferente, e aquele “Aha!”, deve ser o nosso próprio. Para mim, o primeiro veio da leitura de Artemis, que se ligava com outras mulheres e que salvou sua mãe, embora não desejando ser como ela...
“Senti reconhecimento e orgulho ao ser citada como exemplo desse arquétipo, o que é raro numa sociedade patriarcal. Mas sabia também que não tinha desenvolvido o destemor do conflito ou a verdadeira autonomia de Artemis”.
Perséfone espelha os sentimentos que muitas de nós experimentamos enquanto adolescentes. Sua força ou fraqueza foi outro “Aha!”.
Aquela habilidade familiar de esperar pela imagem de alguém mais e pelas expectativas a serem projetadas em nós, se a de um homem determinado ou a da sociedade, aquele “experimento” de identidades...
Assim foi a leitura constante e o hábito de viver intelectualmente, que são típicos de Athena; a consciência difusa e receptiva de Hera, Deméter e Perséfone; e a importância da intensidade e espontaneidade sobre a permanência no trabalho criativo”.
As outras deusas são instrutivas pelas qualidades que faltam em nós mesmas, e que precisamos desenvolver, ou qualidades que vemos nas pessoas ao nosso redor e não compreendemos.
Por exemplo, aprendi de Héstia seu modo contemplativo de fazer suas tarefas diárias, as quais podem ser uma disposição e classificação de prioridades quando consideradas de modo mais simbólico e espiritual.
Invejei Athenas e Artemis por suas consciências enfocadas, e senti mais compreensão para com os homens que têm aprendido a não “observar”, ou iluminar muitas coisas na periferia da visão.
Por exemplo, daquelas duas deusas independentes aprendi que conflito e hostilidade devem ser necessários e até mesmo positivos, e não deveriam ser tomados pessoalmente.
A análise sensível que a autora faz dos arquétipos tira as deusas do seu contexto patriarcal de simples proezas, e as devolve a nós como mulheres autênticas, exageradas, mas acreditáveis.
De agora em diante, por exemplo, quando estou com saudades daquelas conversas mágicas e espontâneas, nas quais o todo torna-se mais do que a soma de suas partes, improvisando com cada pessoa como na música, deveria pensar nas qualidades de Afrodite.
Quando necessito retirar-me para o lar e também de contemplação, Héstia pode me conduzir ao caminho. Quando me falta coragem para encarar o conflito para o bem meu ou de outras mulheres, Artemis é uma boa mulher a ser lembrada.
Não importa o que vem primeiro, se a realidade ou a imaginação da realidade. Como escreve Jean Houston em The Possible Human: “Tenho sempre pensado num mito como alguma coisa que nunca existiu, mas que está sempre acontecendo”.
Conforme nos conduzimos para fora das sociedades de desigualdade, os deuses e as deusas podem se tornar uma única realidade. Entretanto, este livro nos oferece, novos caminhos, novos modos de ver e de vir a ser. Você pode encontrar um mito que evocará em você a realidade... - (Gloria Steinem).
[Fonte: As Deusas e a Mulher - Nova-Psicologia Das Mulheres - Jean Shinoda Bolen/ https://anjosensinosluz.blogspot.com/].
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‘Um toque de luz e cor para comemorar
mais uma Primavera’.
“E, acima de tudo... Que eu lembre sempre que todos nós fazemos parte desta maravilhosa teia chamada vida, criada por alguém bem superior a todos nós! E que as grandes mudanças não ocorrem por grandes feitos de alguns e, sim, nas pequenas parcelas cotidianas de todos nós!”
“Bom dia para você. Dê o primeiro passo e entre com a natureza na estação das flores”... (Mirlem Mello).
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