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“Na noite em que Nosso Senhor e Salvador, Cristo Jesus, celebrou a última Ceia com Seus discípulos, bebeu o vinho de um cálice, que mais tarde foi usado por José de Arimatéia para colher o sangue da vida que fluía do ferimento do Redentor. Guardou também a lança usada para feri-lo e carregou essas relíquias através de muitos perigos e perseguições. Por fim, elas ficaram aos cuidados dos Anjos, que as guardaram até a noite em que um mensageiro místico, enviado por Deus, apareceu e incumbiu a Titurel, pai de Amfortas, que construísse um castelo para receber e proteger tais relíquias... O Castelo de Monte Salvat foi construído numa montanha e as relíquias ali depositadas, sob a guarda de Titurel e um grupo de santos e castos cavaleiros que ele havia atraído à sua volta. Este lugar tornou-se um centro de onde poderosas influências espirituais fluíam para o mundo exterior"... ('Parsifal' de Wagner. Ato I).
(*) Acorde! 'Caminhante das Estrelas': "Antes de reencarnar na Terra, você fez um plano do que pretendia alcançar. Dentro desse plano, fez contratos com todas as pessoas de sua vida: um contrato com seus pais, irmãos, irmãs, parentes e amigos. Eles o ajudam a passar por tudo o que você planejou realizar nesta vida". (Dolores Cannon. Hipnoterapeuta). Dolores afirma o que já temos dito: antes de nascer cada um de nós escolhe a nivel da Alma, as lições de vida a serem experienciadas no campo quântico das possibilidades, junto com aqueles que estamos interligados por laços kármicos do passado. Ninguém nasce numa certa circunstância ou família por Acaso. Tudo faz parte do aprendizado constelado pelo ser interior imortal ('Self'). E assim como o mapa astral indica influências planetárias do dia e hora em que você escolheu nascer, as características do Anjo do Guarda que o acompanha desde o seu nascimento, revelam as potencialidades, qualidades, profissões e o tipo de personalidade 'feminina' ou 'masculina'. E cada existência é uma oportunidade de expansão da sua Consciência Divina... (Campos de Raphael).
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E a ouça durante sua leitura:
A Simbologia Mística do Santo Graal & O 'Parsifal' de Wagner - (Max Heindel).
"Considerando o drama do 'Parsifal' de Wagner, observamos que a cena de abertura situa-se nas terras do Castelo de Monte Salvat. Este é um lugar de paz onde toda vida é sagrada; os animais e aves são mansos porque os cavaleiros são inofensivos, não matando nem para comer nem por esporte, como fazem os homens realmente santos. [Respeitam] e aplicam a todas as criaturas vivas a máxima: "Vivei e deixai viver"...
Amanhece e vemos Gurnemanz, o mais velho dos Cavaleiros do Graal, com dois jovens escudeiros, sob uma árvore. Acabaram de acordar de seu repouso noturno, e percebem Kundry à distância, que se aproxima galopando num corcel selvagem.
Vemos em Kundry uma criatura de dupla existência. Uma, como servidora do Graal, disposta e ansiosa por favorecer, por todos os meios ao seu alcance, os interesses dos Cavaleiros do Graal. Esta parece ser sua verdadeira natureza. A outra, como relutante escrava do Mago Klingsor, é forçada por ele a tentar e a importunar os Cavaleiros do Graal, aos quais anseia servir.
A passagem de uma existência para a outra é o [estado] de 'sono', e Kundry está prestes a servir quem a encontre e a acorde. Quando Gurnemanz a encontra, ela é a desejosa servidora do Graal, mas quando Klingsor a invoca com suas magias perversas, ele tem direito a seus serviços, e ela tem de o servir, quer queira ou não...
"No primeiro ato, ela está vestida com um manto de pele de serpente, símbolo da doutrina do renascimento. Pois, assim como a serpente troca sua própria pele expelindo camada por camada, assim também o Eu [imortal] em sua peregrinação evolucionária emana de si próprio um corpo após outro, expelindo cada veículo como a serpente expele sua pele quando esta se torna dura, rígida e cristalizada, perdendo assim sua eficiência.
Esta idéia também se insere nos ensinamentos da Lei de Conseqüência [Lei Kármica], que devolve-nos, como colheita, tudo o que semeamos, e isto está explícito na resposta de Gurnemanz ao jovem escudeiro pela sua confissão da falta de confiança em Kundry:
"Sob uma maldição ela bem pode estar
De alguma vida passada que não vemos,
Procurando do pecado o grilhão se soltar,
Por ações pelas quais melhor passemos.
Certamente este Bem,
assim ela o está seguindo,
Ajudando-se à si mesma,
Enquanto à nós vai servindo"...
"Quando Kundry entra em cena, ela retira do seio um frasco que diz ter trazido da Arábia, esperando que seja um bálsamo para o ferimento que Amfortas, o Rei do Graal, tem num lado do corpo e que lhe causa sofrimentos indizíveis e não cicatriza.
O rei sofredor é então carregado para o palco e deitado numa camilha. Anfortas está a caminho de seu banho diário, no lago próximo, onde dois cisnes nadam e transformam a água numa poção curativa que alivia seus terríveis sofrimentos. Amfortas agradece a Kundry, mas acredita que não há alívio para ele até que venha o libertador profetizado pelo Graal: "Um simplório puro, iluminado pela piedade". Mas Amfortas pensa que a morte virá antes da libertação.
Amfortas é carregado para fora, e quatro dos jovens escudeiros reúnem-se ao redor de Gurnemanz e pedem-lhe que conte a história do Graal e do ferimento do rei. Todos se recostam debaixo da árvore e Gurnemanz começa:
"Na noite em que Nosso Senhor e Salvador, Cristo Jesus, celebrou a última Ceia com Seus discípulos, Ele bebeu o vinho de um certo cálice, que mais tarde foi usado por José de Arimatéia para colher o sangue da vida que fluía do ferimento do Redentor. Guardou também a lança ensangüentada usada para feri-lo, e carregou consigo essas relíquias através de muitos perigos e perseguições.
Por fim, elas ficaram aos cuidados dos Anjos, que as guardaram até a noite em que um mensageiro místico, enviado por Deus, apareceu e ordenou a Titurel, pai de Amfortas que construísse um castelo para receber e proteger essas relíquias...
"Assim, o Castelo de Monte Salvat foi construído numa montanha, e as relíquias foram ali depositadas, sob a guarda de Titurel e de um grupo de santos e castos cavaleiros que havia atraído à sua volta. Este lugar tornou-se um centro de onde influências espirituais poderosas fluíam para o mundo exterior.
Mas, num distante e agreste vale, vivia um cavaleiro negro que não era casto, mas desejava tornar-se um Cavaleiro do Graal. Para tanto, mutilou-se. Privou-se da capacidade de gratificar sua paixão, mas esta permaneceu nele. O Rei Titurel notou seu coração repleto de desejos inferiores, e recusou-se a admiti-lo.
Klingsor então jurou que se não pudesse servir ao Graal, o Graal o serviria. Construiu um castelo com um jardim mágico e povoou-o com donzelas de beleza arrebatadora. Elas recendiam a flores perfumadas e abordavam os Cavaleiros do Graal (que deviam passar pelo castelo ao sair ou voltar ao Monte Salvat) enganando-os para atrair sua confiança e violar seus votos de castidade. Assim, muitos tornaram-se prisioneiros de Klingsor e apenas alguns permaneceram como defensores do Graal...
"Nesse ínterim, Titurel havia delegado a guarda do Graal a seu filho Amfortas e este, vendo a grave devastação provocada por Klingsor, resolveu ir ao seu encontro e combatê-lo. Com esse propósito levou consigo a lança sagrada.
"O astuto Klingsor não foi pessoalmente ao encontro de Amfortas, mas evocou Kundry e transformou-a, da criatura hedionda que aparece como serva do Graal, numa mulher de beleza transcendental. Sob a magia de Klingsor ela encontrou e tentou Amfortas, que rendeu-se caindo em seus braços, deixando escapar das mãos a lança sagrada.
Klingsor então apareceu, agarrou a lança, feriu o indefeso Amfortas e, se não fosse pelos esforços heróicos de Gurnemanz, teria levado Amfortas prisioneiro para seu castelo mágico. No entanto, Klinksor detém a lança sagrada, enquanto o rei encontra-se inválido pelo sofrimento, pois a ferida não se cicatrizará"...
"Os jovens escudeiros erguem-se exaltados, jurando subjugar Klingsor e recuperar a lança. Gurnemanz sacode tristemente a cabeça dizendo que a tarefa é superior às suas forças, mas reitera a profecia de que a redenção virá por "um simplório puro, iluminado pela piedade".
Ouvem-se gritos: "O cisne! Oh, o cisne!" e um cisne cruza o palco em grande agitação e cai morto aos pés de Gurnemanz e dos escudeiros, que ficam muito agitados pela visão. Outros escudeiros trazem um jovem intrépido, armado de arco e flecha que, à triste pergunta de Gurnemanz: "Por que mataste a inofensiva criatura?" E Parsifal responde inocentemente: "Fiz mal?"
Gurnemanz fala-lhe então sobre o rei sofredor e da contribuição do cisne na preparação do banho curativo. Parsifal fica profundamente comovido pela narrativa e quebra seu arco...
"Em todas as religiões, o espírito vivificante tem sido simbolicamente representado por uma ave. No Batismo, quando o corpo de Jesus estava na água, o Espírito de Cristo desceu sobre ele na forma de uma pomba. "O Espírito move-se sobre as águas", o meio fluídico, como os cisnes se movem no lago debaixo do Yggdrasil, a árvore da vida da mitologia nórdica, ou sobre as águas do lago na lenda do Graal.
A ave é, portanto, a representação direta da mais alta influência espiritual e, com razão, os cavaleiros entristeceram-se com a perda. A verdade tem muitas facetas. Há pelo menos sete interpretações válidas para cada mito, uma para cada mundo.
Encarada pelo lado material e literal, a compaixão gerada em Parsifal e o ato de quebrar seu arco, marcam um passo definido para a vida mais elevada.
Ninguém pode ser verdadeiramente compassivo e almejar a evolução, enquanto matar para comer, seja de forma pessoal ou indireta. A vida inofensiva é um requisito absoluto e essencial para a vida prestativa.
Gurnemanz começa a questioná-lo: quer saber quem é ele e como chegou ao Monte Salvat. Parsifal demonstra a mais surpreendente ignorância. A todas as perguntas, responde: "Eu não sei"...
Por fim, Kundry diz em voz alta: "Eu posso dizer-vos quem ele é. Seu pai era o nobre Gamuret, um príncipe entre os homens, que morreu combatendo na Arábia enquanto este jovem estava ainda no ventre de sua mãe, Lady Herzleide.
Em seu último suspiro, seu pai chamou-o Parsifal, o simplório puro. Sua mãe temendo que ele pudesse crescer, aprender as artes da guerra e ser afastado dela, criou-o numa densa floresta na ignorância de armas e guerras".
Aqui Parsifal interrompe e diz: "Sim, um dia eu vi alguns homens montados em belos animais e quis ser igual a eles, por isso segui-os por muitos dias até que cheguei aqui e tive que lutar com muitos monstros semelhantes aos homens"...
"Nesta história temos um excelente quadro da alma à procura das realidades da vida. Gamuret e Parsifal são fases diferentes da vida da alma. Gamuret é o homem do mundo que se casou com Herzleide ['Aflição do Coração'], que representa um coração aflito. Conhece o infortúnio e morre para o mundo, como todos nós fazemos quando ingressamos numa vida superior.
Enquanto a barca da vida flutua nos mares do verão e nossa existência parece uma bela e doce melodia, não há incentivo para voltarmo-nos para a vida superior; cada fibra em nosso corpo grita: "Isto é suficientemente bom para mim". Mas, quando os vagalhões da adversidade elevam-se à nossa volta e cada nova onda ameaça tragar-nos, então, unidos às aflições do coração, tornamo-nos homens sofredores e estamos prontos para nascer como Parsifal, o simplório, ou a alma pura que esqueceu a sabedoria do mundo e está à procura da vida superior.
Enquanto o homem procurar acumular dinheiro ou aproveitar a vida, como tão equivocadamente se diz, ele torna-se sábio pela sabedoria do mundo; mas, quando passa a encarar as coisas do Espírito, torna-se um simplório aos olhos do mundo.
Esquece tudo sobre sua vida passada e deixa para trás suas tristezas, como Parsifal deixou Herzleide, que morreu quando Parsifal não voltou para ela. Assim, a tristeza morre quando dá nascimento à alma aspirante que foge do mundo. O homem pode estar no mundo para cumprir seu dever, mas não ser do mundo...
"Gurnemanz está imbuído com a idéia de que Parsifal vai ser o libertador de Amfortas e o leva ao Castelo do Graal. E, à pergunta de Parsifal: "O que é o Graal?" Gunermanz responde:
"Não podemos dizê-lo; mas se por Ele tu foste enviado.
De ti a verdade não ficará escondida.
Julgo que tua face me é conhecida.
Nenhum caminho conduz ao Seu Reino,
E a procura d'Ele mais distante te vai levar,
Se não for Ele próprio a te guiar"...
Aqui vemos Wagner levando-nos de volta aos tempos anteriores ao Cristianismo. Antes do advento de Cristo, a Iniciação ainda não estava liberada para "quem quisesse" procurá-la, mas era reservada para alguns escolhidos, como os Brâmanes e os Levitas, aos quais foram dados privilégios especiais como recompensa por terem sido dedicados ao serviço do templo.
Contudo, a vinda de Cristo estabeleceu certas mudanças definidas na constituição da humanidade, de modo que agora todos podem entrar no caminho da Iniciação. De fato, tinha que ser assim, quando os casamentos entre as várias nacionalidades dissolveram as castas...
"No Castelo do Graal, Amfortas está sendo pressionado de todos os lados para oficiar o rito sagrado do Graal, para descobrir o cálice sagrado à cuja visão possa ser renovado o ardor dos cavaleiros impulsionando-os a atos de serviço espiritual. Mas, ele se esquiva, com medo da dor que a visão lhe irá causar. O ferimento sempre volta a sangrar à vista do Graal, como a dor do remorso aflige a todos nós quando pecamos contra o nosso ideal.
Finalmente, ele cede aos rogos conjuntos de seu pai e dos cavaleiros. Celebra o rito sagrado, embora durante todo o tempo sofra a mais torturante agonia. Parsifal, que está a um canto, sente, por compaixão, a mesma dor, sem compreender a razão. Depois da cerimônia, Gurnemanz pergunta-lhe ansiosamente o que ele viu, mas Parsifal permanece mudo e, por ter ficado desapontado, o velho cavaleiro, irritado, expulsa-o do castelo...
As emoções e os sentimentos não controlados pelo conhecimento são fontes férteis de tentação. A própria inocência e a sinceridade da alma que aspira, tornam-se freqüentemente uma presa fácil do pecado. Para o crescimento da alma é necessário que surjam essas tentações, a fim de revelar nossos pontos fracos.
Se caímos, sofremos como Amfortas sofreu. Mas a dor desenvolve a consciência e traz aversão ao pecado, tornando-nos fortes contra a tentação.
Toda criança é inocente porque não foi tentada. Porém, só quando tivermos sido tentados e permanecermos puros, ou quando após a queda arrependermo-nos e corrigirmo-nos, é que nos tornamos virtuosos. Parsifal, conseqüentemente, deve ser tentado...
No segundo ato, vemos Klingsor no momento de invocar Kundry, pois percebeu que Parsifal vem em direção ao seu castelo, e ele o teme mais do que a qualquer outro que tenha vindo antes, porque ele é um simplório. Um homem prudente, conhecedor do mundo, não é facilmente levado pelas tentações, mas a ingenuidade de Parsifal o protege.
E, quando as meninas-flores agrupam-se em torno dele, ele inocentemente pergunta: "Vocês são flores? Vocês cheiram tão bem!" Contra ele é necessária a astúcia refinada de Kundry e, embora ela implore, proteste e se rebele, é forçada a tentar Parsifal. Para isso apresenta-se como uma mulher de grande beleza, chamando Parsifal pelo nome. Esse nome desperta-lhe lembranças de sua infância, do amor de sua mãe...
Kundry chama-o para perto de si e começa a trabalhar sutilmente sobre seus sentimentos, fazendo voltar à sua memória visões do amor de sua mãe e da tristeza que ela sentiu com sua partida, o que pôs termo à sua vida. Depois, fala-lhe sobre um outro amor. o que pode compensá-lo, o amor do homem pela mulher, e, por fim, dá-lhe um longo, ardoroso e apaixonado beijo...
"Segue-se um silêncio profundo e terrível, como se o destino de todo o mundo estivesse pendente desse beijo apaixonado. Enquanto ela o prende em seus braços, o rosto de Parsifal muda gradualmente e torna-se a estampa da dor.
De repente, Parsifal salta como se esse beijo tivesse causado em seu ser uma nova dor, as linhas de sua face pálida acentuam-se, e ambas as mãos apertam fortemente seu coração palpitante, como para reprimir uma terrível agonia - o cálice do Graal surge diante de sua visão... Depois, Amfortas lhe aparece na mesma terrível agonia, e, por fim, Parsifal grita:
"Amfortas, oh. Amfortas! Agora eu sei - o ferimento da lança no teu lado - ele queima meu coração, ele queima minha própria alma ... Oh dor! Oh miséria! Angústia indescritível! A ferida está sangrando aqui no meu próprio lado!"
"Depois, novamente, e com terrível esforço: "Não, este não é o ferimento da lança no meu lado, isto é fogo e chama dentro de meu coração, que inclinam meus sentidos ao delírio, a espantosa loucura do tormento do amor ... Agora eu sei porque as pessoas ficam agitadas, excitadas, convulsionadas e freqüentemente perdidas pelas terríveis paixões do coração".
'Kundry o tenta novamente: "Se este único beijo te trouxe tanta sabedoria, quanto mais sabedoria tu terás se cederes ao meu amor, mesmo que seja só por uma hora?"
Mas não há hesitação agora. Parsifal despertou, distingue o certo do errado e responde: "A eternidade estaria perdida para nós dois se eu sucumbisse a ti, mesmo por apenas uma curta hora. Mas eu te salvarei e também te libertarei da maldição da paixão, pois o amor que arde em ti é apenas sensual, e entre esse e o verdadeiro amor dos corações puros, abre-se um abismo como o que existe entre o céu e o inferno"...
"Finalmente, Kundry reconhece estar derrotada, mas tem um acesso de raiva. Chama Klingsor para ajudá-la, e ele aparece com a lança sagrada, que arremessa contra Parsifal. Mas ele é puro e inofensivo, portanto nada pode feri-lo. A lança flutua inofensivamente acima de sua cabeça. Ele a agarra, faz com ela o sinal da Cruz e o castelo de Klingsor e o jardim mágico desmoronam em ruínas.
O terceiro ato começa na Sexta-feira Santa, muitos anos depois. Um guerreiro, exausto da viagem, vestido com uma cota de malha negra, adentra a propriedade de Monte Salvat, onde Gurnemanz vive numa cabana.
Tira seu elmo, pousa a lança contra uma rocha próxima e ajoelha-se para rezar. Gurnemanz entra com Kundry, que acaba de encontrar adormecida no bosque, reconhece Parsifal com a lança sagrada e, radiante, dá-lhe as boas vindas, perguntando de onde ele vem.
Tinha feito a mesma pergunta na primeira visita de Parsifal e a resposta fora: "Eu não sei". Mas, desta vez, é muito diferente, pois Parsifal responde: "Venho da busca e do sofrimento". A primeira experiência retrata um dos vislumbres que a alma tem das realidades da vida superior, mas a segunda é a consciente chegada do homem a um nível superior de atividade espiritual, que desenvolveu através de tristezas e sofrimentos...
Parsifal conta como foi penosamente assediado por inimigos, e poderia ter-se salvado se usasse a lança, mas sempre se conteve, pois ela era um instrumento para curar e não para ferir.
A lança é o poder espiritual que chega à vida e aos corações puros, mas só deve ser usada para propósitos altruístas; impureza e paixão causam a sua perda, como sucedeu a Amfortas.
Embora o homem que a possuiu pôde usá-la para alimentar cinco mil pessoas famintas, não transformou uma simples pedra em pão para saciar sua própria fome. Embora a tenha usado para estancar o sangue que correu da orelha decepada de um captor, não a usou para estancar o sangue vital que se esvaiu de seu próprio lado. Sempre foi dito sobre isto: "Outros Ele salvou; não pôde (ou não quis) salvar-se a Si próprio"...
"Parsifal e Gurnemanz entram no Castelo do Graal onde Amfortas está sendo instado para celebrar o rito sagrado, mas ele se recusa, pois quer salvar-se da dor que sempre o aflige quando vê o Santo Graal. Descobrindo seu peito, implora a seus seguidores que o matem. Neste momento, Parsifal aproxima-se dele e toca seu ferimento com a lança, curando-o.
Contudo, destrona Amfortas e assume a guarda do Santo Graal e da Lança Sagrada. Somente aqueles dotados do mais perfeito altruísmo, unido ao melhor discernimento, estão aptos a receber o poder espiritual simbolizado pela lança...
"Anfortas tê-la-ia usado para atacar e ferir um inimigo. Parsifal não a usaria nem para defender-se. Portanto, ele está apto a curar, enquanto Amfortas caiu na cova que havia aberto para Klingsor.
No último ato, Kundry, que representa a natureza inferior, diz apenas uma palavra: Serviço. Por seu trabalho perfeito ela ajuda Parsifal, o Espírito, a realizar-se. No primeiro ato, ela adormeceu quando Parsifal visitou o Graal.
Nesse estágio, o Espírito não pode elevar-se aos céus, a não ser quando o corpo está adormecido ou morto. Mas, no último ato, Kundry, o corpo, também vai ao Castelo do Graal, que é dedicado ao Eu(1) superior, e quando o Espírito, como Parsifal, alcançou a meta, ele conseguiu atingir o estágio de libertação mencionado na Revelação:
"Aquele que vencer, Eu o converterei num pilar na casa de meu Deus, e dali não sairá mais". Esse alguém irá trabalhar para a humanidade desde os mundos superiores; não necessitará mais do corpo denso; estará além da Lei do Renascimento (2) e, conseqüentemente, Kundry morre...
[Extraído de 'Cristianismo Rosacruz', p. 258/271. Max Heindel. Editora Kier.1944].
COMENTÁRIOS [®]: (Extraídos do texto publicado em 2007 e 2010, no magisterlux.com/):
Carl Jung, disse sobre mitos: “Das vinte e quatro horas do dia passamos pelo menos dezesseis exclusivamente neste mundo, e as oito restantes em um estado inconsciente. Onde ou quando nos acontece algo que nos lembre, mesmo longinquamente, ocorrências tais como anjos, milagres, etc.?
"Por isso foi uma descoberta quando se verificou que no estado inconsciente de sono ocorrem intervalos denominados 'sonhos', e que nestes às vezes ocorrem cenas que guardam uma semelhança nada desprezível com os temas dos mitos. Os mitos são narrativas maravilhosas e tratam justamente de tudo aquilo que, muitas vezes, é também objeto de fé”…
”É bem difícil encontrar algo semelhante no universo cotidiano da existência… Se os conceitos metafísicos já não exercem quase nenhum fascínio sobre os homens, certamente não é pela falta de originalidade e primitividade da alma européia, mas exclusivamente porque os símbolos tradicionais já não exprimem aquilo que o fundo do inconsciente quer ouvir”… [Cf. AION' - Estudos Sobre o Simbolismo do Si-Mesmo', § 66 e 67. Vozes].
Na verdade, O simbolismo por trás do mito de Parsifal pôde ser resgatado e tornou-seacessível a compreensão, graças a Max Heindel que nos desvelou a simbologia templária e o significado amplo e profundo desta lenda cristã, na obra ‘Cristianismo Rosacruz’, cujos trechos você acaba de ver. (Campos de Raphael).
Terminologia [®]:
(1). Eu e Ego: O eu é o campo de consciência da personalidade mortal; 'persona' vem do grego, e significa 'máscara'. O tradutor usou as vêzes o termo Ego, mas entendemos que Max Heindel se referia ao Eu Divino em nós, o aspecto da Consciência designado por Jung como ‘Self’, ou Si-mesmo: "O si-mesmo, em sua totalidade, se situa além dos limites pessoais"... diz ele em 'AION' §57. Quem lê suas 'Memórias', verifica que Jung vivenciou esses dois aspectos de nossa psique, durante e após a sua EQM (Experiência de Quase-Morte). Por isso, podia dizer: “Entendo por 'ego' um complexo de representações que ajusta o centro de meu campo de consciência… A partir disso, faço distinção entre ego e Self, na medida em que o ego é apenas o sujeito de minha consciência, enquanto o Self é o sujeito de toda a minha psique, também da parte inconsciente. Nesse sentido, o Self seria uma grandeza (ideal) que contém em si o ego”. (GW 6, §810)… [Cf. ‘Léxico dos Conceitos Junguianos Fundamentais’, p. 46. Edições Loyola].
(2). Renascimento: A lei do renascimento é a lei cármica: “O que o homem semear isso também ceifará”. [Gálatas, 6.7]. A alma humana transita em dois mundos: o material e o astral, onde se processa a “roda das encarnações”. Somente o ser alma-espírito liberto, pode acessar o terceiro mundo, o reino divino de Sophia* (³): “Quem não nascer da Água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus” [João, 3:5].
(³). Reino de Sophia: Para saber sobre os três reinos cósmicos, existentes também dentro de nós, como microcosmo. [Veja: ‘O Mito de Sophia’ - ‘O Evangelho da Pistis Sophia’ (apócrifo)]. [®]
1. Blog Archive » Prólogo de O Evangelho dos Doze Santos [Julho 7, 2007 at 6:11 pm •]. Campos de Raphael, disse, [Castelo do Graal templário] aonde, qual tolo Parsifal, adentramos em 1963 no Sul da França, sem saber que era o lendário Castelo do Graal [cf. Parsifal e o Santo Graal]. Ali, inesperada regressão reconectou-nos com o passado e a “longuíssima via”...
2. Magister Lux » Blog Archive » ANJOS. Categoria Angelical de Raphael: ‘Virtudes’. (Anjos Cabalísticos. Monica Buonfiglio) – [Setembro 3, 2008 at 12:52 pm •], disse, [Anjos de Cura…] dedicam-se aos trabalhos de cura [físico, psíquico e espiritual]. São portadores da 'lança sagrada' para curar; [ver: ‘A Lenda do Graal’ – O Parsifal de Wagner], ou a espada [símbolo do discernimento]. O Arcanjo Raphael [Do hebraico: Rapha, curar + El - anjo divino, gênio, Divindade], rege a categoria 'Virtudes', composta por 'Anjos de Cura'.[…]
3. Célia Leal Soares – [Fevereiro 4, 2009 at 6:34 pm •], disse,
Adorei entrar nesta pagina, porque tudo que está ai tem fundamento, acho muito importante que nós tenhamos interesse de pesquisar mais, sobre o assunto.
4. Magister Lux » Blog Archive » RENASCIMENTO DA ALMA E REENCARNAÇÃO – ‘O Evangelho dos Doze Santos’ – [Maio 1, 2009 at 12:42 am •], disse,
[…] E no Sul da França, certo dia surgiu inesperado convite para subirmos ao platô do Dólmen de Sem, em Montréalp-de-Sos. Dali se avista, no outro lado do vale, as ruínas de um castelo templário destruído pelos cruzados em 1.209. Fomos lá [1963], e adentramos as muralhas para ir à cripta iniciática onde estão gravados na rocha os símbolos do Santo Graal, sem saber que acessávamos, qual tolo Parsifal, o lendário Castelo do Graal, reverenciado por cavaleiros templários e pelos trovadores cátaros. (Campos de Raphael).
“Flores e rosas têm um simbolismo espiritual especial; o budismo usa a flor de lótus, para representar a iluminação de Buda, enquanto a Rosacruz Áurea utiliza a rosa amarela como símbolo do reino áureo do homem divino original"... (Campos de Raphael).
'Conhece-te a Ti Mesmo e Escolha a Paz!' - (Gangaji).
[Repassado por http://anjosensinosluz..blogspot.com/]
Dicas de Raphael & 'Anjos de Cura':
'Bicos de papagaio', dores de coluna, articulações, pedras nos rins? Podem provir da carência de magnésio no seu organismo! Veja o segredo médico revelado por este experiente Clínico, Dr. Luiz Moura:
Que o Senhor da Vida e seus Anjos:
"Sejam lâmpadas para os pés à iluminar vosso Caminho!"
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Luz, Amor e Paz! (Campos de Raphael).
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