sábado, 11 de outubro de 2014

EXPERIÊNCIAS & VISÕES MÍSTICAS - O RELATO DE CARL JUNG APÓS SUA EQM. (C. G. Jung).

"Nunca pensei que se pudesse viver uma tal experiência, e que uma beatitude contínua fosse possível. Essas visões e acontecimentos eram perfeitamente reais... Teme-se usar a expressão 'eterno'; não posso, entretanto, descrever o que vivi senão como a beatitude de um estado intemporal. Como representar que simultaneamente vivi o ontem, o hoje, e o amanhã? Um todo indescritível no qual estamos mergulhados e que, no entanto, podemos perceber com plena objetividade"... (Carl Jung). ['Memórias', p. 258. Pensamento].


(*) "Somos seres espirituais vivendo a experiência humana"... Ninguém nasce num certo dia e hora por acaso, como mostra seu mapa astrológico. Esquecemos, porém, a origem de nosso ser interior ao adentrar a veste humana, a missão e lições escolhidas para vivenciar numa veste feminina ou masculina. Mas, as características do 'Anjo da Guarda' de seu aniversário podem revelar certas potencialidades que você escolheu experienciar no 'campo quântico de possibilidades', para expandir a consciência do Self imortal, figurado às vezes como 'criança divina'... NOTE BEM: Embora a infância seja pré-determinada por fatores kármicos, sempre existe a opção de mudar o roteiro, na adolescência ou vida adulta: rumo ao 'Bem superior', ou para baixo, o 'mal'... Tudo regido pela Justiça e Amor divinos. 'Karma' (escolha e ação) é lei universal: "O que o homem semear, isso também colherá". [Paulo aos Gálatas, 6.7]. (Campos de Raphael)
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VÍDEOS. 'Vivendo & Aprendendo':

Experiências & Visões Místicas - O Relato de Carl Jung Após Sua  EQM. (C. G. Jung).
"Agora preciso voltar a este mundo cinzento" -, Jung pensou, melancolicamente, logo após sua EQM ('Experiência de Quase-Morte'), em 1944).

"Durante essas semanas o ritmo de minha vida foi estranho" - declarou Jung... "Durante o dia sentia-me frequentemente deprimido, miserável e fraco e ousava com dificuldade fazer um movimento. De tarde adormecia e o sono durava até perto de meia-noite. Então acordava e ficava desperto, talvez uma hora, mas num estado muito particular. Ficava como que num êxtase ou numa grande beatitude".

Sentia-me pairando no espaço como que abrigado no meio do universo, num vazio imenso, embora pleno do maior sentimento de felicidade possível. era a beatitude eterna; não se pode descrevê-la, é extraordinariamente maravilhosa, eu pensava.

Os que me cercavam também pareciam encantados. A essa hora da noite, a enfermeira tinha o hábito de esquentar minha refeição, porque somente então podia tomar algum alimento e comer com apetite.

Durante certo tempo pareceu-me que a enfermeira era uma velha judia, muito mais velha do que na realidade, e que preparava pratos rituais. Quando a olhava, acreditava ver um halo azul em torno de sua cabeça. Eu próprio me encontrava nos Pardes Rimmonim (¹), o Jardim das Romãs, e aí se celebrava o casamento de Tiphereth com Malchuth (²). Ou então era como se eu fosse o rabino Simão ben Yochai, cujas bodas eram celebradas no além. Era o casamento místico tal como aparecia nas representações da tradição cabalística - [e também nas 'Bodas Alquímicas de Christian Rosenkreutz' e os tratados de Alquimia]...
 (¹). 'Pardes Rimmonim' é o tratado cabalístico de Moisés Cordovero (séc. XVI). E segundo a concepção cabalística, Tipheret (Graça) e Malkouth (Reino), são duas entre as dez esferas das manifestações divinas, nas quais Deus sai de sua obscuridade.
(²) Tiphereth e Malchuth, também representam os princípios feminino e masculino dentro da Divindade.

"Não poderia dizer o quanto isso era maravilhoso. Eu não deixava de pensar: "É o Jardim das Romãs! É o casamento de Malchuth com Tipheret!(²)" Não sei exatamente que papel eu desempenhava na celebração. No fundo tratava-se de mim mesmo: eu era o casamento e minha beatitude era a de um casamento feliz".


Pouco a pouco a visão do jardim das romãs se dissipou e se transformou. A essa visão se sucedeu o 'casamento do cordeiro', numa Jerusalém pomposamente ornamentada. Sou incapaz de descrever os pormenores. Eram inefáveis estados de beatitude com anjos e luzes. E eu próprio era o 'casamento do cordeiro'. Isso também se dissipou e deu lugar a uma última visão.

Eu seguia um largo vale até ao fundo, aos pés de uma cadeia de colinas; o vale terminava num anfiteatro antigo que se situava, admiravelmente, na paisagem verdejantes. E neste teatro desenrolava-se o hieros gamos (matrimônio sagrado): dançarinos e dançarinas apareceram e, sobre um leito ornado de flores, Zeus-Pai do universo e Hera consumavam o hieros gamos tal como está descrito na Ilíada.

Todas essas visões eram magníficas. Eu estava mergulhado, noite após noite, na mais pura beatitude., "no meio das imagens de toda a criação" Pouco a pouco os motivos se misturavam e empalideciam. Comumente as visões duravam aproximadamente uma hora, depois tornava a dormir e logo de manhã sentia: "De novo uma manhã cinzenta! Volta ao mundo sem cor com seu sistema de alvéolos. Que estupidez! Que terrível loucura!" - Esses estados interiores eram tão fantásticos que o mundo se me afigurava risível...

É impossível ter uma ideia da beleza e da intensidade do sentimento durante as visões. Foi o que vivi de mais prodigioso. E que contraste o dia! Vivia tão atormentado e meus nervos estavam completamente esgotados.

Tudo me irritava, tudo era muito material,grosseiro, pesado e espiritualmente limitado;tudo parecia artificialmente diminuído com uma finalidade desconhecida e, no entanto, parecia ter uma força hipnótica tão decisiva que era como se fosse a própria realidade, e no ao mesmo tempo era claramente discernível sua insignificância.

No fundo, a partir dessa época, apesar de recuperar minha crença no mundo, jamais me libertei totalmente da impressão de que 'a vida' é este fragmento da existência, que se desenrola num sistema universal de três dimensões com essa finalidade específica...

"Tenho ainda uma lembrança precisa: no início, na época do jardim das romãs, pedia à irmã que me perdoasse caso sofresse algum dano; havia tal sacralidade no quarto que lhe poderia ser prejudicial. Naturalmente, ela não compreendia".


Para mim a presença do sagrado criava uma atmosfera mágica, no entanto, eu temia que fosse insuportável para outra. Era por esse motivo que me desculpava, pois nada podia fazer para evitá-lo. Foi então que compreendi porque dizem que um quarto recende a "odor de santidade". Era isso! Havia no espaço um pneuma de inefável santidade, do qual o mysterium cojunctionis era a manifestação.

"Nunca pensei que se pudesse viver uma tal experiência, e que uma beatitude contínua fosse possível. Essas visões e acontecimentos eram perfeitamente reais. Nada havia de artificialmente forçado; pelo contrário, tudo era de extrema objetividade".

Teme-se usar a expressão 'eterno'; não posso, entretanto, descrever o que vivi senão como a beatitude de um estado intemporal, no qual presente, passado e futuro são um só. Tudo o que ocorre no tempo concentrava-se numa totalidade objetiva. Nada estava cindido no tempo e nem podia ser medido por conceitos temporais. Poder-se-ia, antes, evocar o que fôra vivido como um estado afetivo, no entanto inimaginável.

Como representar que vivi simultaneamente o ontem, o hoje, e o amanhã? Havia o que ainda não começara, havia o mais claro presente e algo que já chegara ao fim e, no entanto, tudo era uma única coisa. O sentimento só poderia apreender uma soma, uma brilhante totalidade na qual está contida à espera do que vai começar, tanto quanto a surpresa do que acaba de ocorrer e a satisfação ou a decepção quanto ao resultado do que já passou. Um todo indescritível no qual estamos mergulhados e que, no entanto, podemos perceber com plena objetividade.

Mais tarde tive ainda uma vez ocasião de viver essa objetividade: foi depois da morte de minha mulher. Ela me apareceu em sonho como se fosse uma visão. Postara-se a alguma distância e me olhava de frente. Estava na flor da idade, tinha cerca de 30 anos e trajava o vestido que minha prima, a médium, lhe fizera, talvez o mais belo que jamais usara. Seu rosto não estava alegre nem triste, mas expressava conhecimento e saber objetivos, sem a menor reação sentimental, além da perturbação de afetos... 
[Minha sogra, que faleceu de câncer aos 78 anos de idade, também me apareceu remoçada durante o seu enterro em Nova Friburgo/R.J.; usava o vestido que mais gostava, e não era o que estava no caixão. Estava radiante de felicidade e de braços dados comigo! Foi uma visão e experiência incríveis que eu jamais experimentara, exceto em sonhos... Campos de Raphael].

Jung destacou: "Sabia que não era ela, mas uma imagem composta ou provocada por ela em minha intenção. Nessa imagem estava contido o início de nossas relações, os acontecimentos de nossos trinta e cinco anos de casamento e também o fim de sua vida. Diante d,e tal totalidade permanecemos mudos, pois dificilmente podemos concebê-la. A objetividade vivida nesse sonho e nas visões pertence a individuação que se cumpriu. Esta é desprendimento dos juízos de valor e do que nós designamos por liames afetivos".

Em geral o homem atribui grande importância aos laços afetivos. Ora, estes encerram sempre projeções que é preciso retirar e recuperar para chegar ao Si-mesmo e à objetividade.

As relações afetivas são relações de desejo e exigências, carregadas de constrangimento e servidão: espera-se sempre alguma coisa do outro, motivo pelo qual este e nós mesmos perdemos a liberdade. O conhecimento objetivo situa-se além dos intrincamentos afetivos, e parece ser o mistério central. Somente ele torna possível a verdadeira conjunctio...

Depois da doença começou um período de grande produtividade. Muitas de minhas obras principais surgiram então. O conhecimento ou a intuição do fim de todas as coisas deram-me a coragem de procurar novas formas de expressão. Não tentei mais impor meu próprio ponto de vista, mas submetia-me ao fluir dos pensamentos. Os problemas apoderavam-se de mim, amadureciam e tomavam forma.

Minha doença teve ainda outras repercussões: elas consistiram, poder-se-ia dizer, numa aceitação do ser, num 'sim' incondicional ao que é, sem objeções subjetivas, numa aceitação das condições da existência como as veja e compreendo; aceitação do meu ser como ele é simplesmente. No início da doença sentia que minha atitude anterior tinha sido um erro e que eu próprio era de qualquer forma responsável pelo acidente...

Mas quando seguimos o caminho da individuação, quando vivemos nossa vida, é preciso também aceitar o erro, sem o qual a vida não será completa: nada nos garante - em nenhum instante - que não possamos cair em erro ou em perigo mortal. Pensamos que haja talvez um caminho seguro; ora, esse seria o caminho dos mortos. Então nada mais acontece e em em caso algum ocorre o que é exato. Quem segue o caminho seguro está como que morto...
"Foi só depois da doença que compreendi o quanto é importante aceitar o destino.  Porque assim há um eu que não recua quando surge o incompreensível. Um eu que resiste e suporta a verdade e que está à altura do mundo do destino. Então uma derrota pode ser ao mesmo tempo uma vitória. Nada se perturba, nem dentro, nem fora, porque nossa própria continuidade resistiu à torrente da vida e do tempo. Mas isso só acontece se não impedirmos que o destino manifeste suas intenções".

Também compreendi que devemos aceitar os pensamentos que se formam espontaneamente em nós como uma parte de nossa própria realidade e isso fora de qualquer juízo de valor. As categorias do verdadeiro e do falso certamente sempre existem, mas porque não são constrangedoras, ficam à margem.

"Porque a existência das ideias é mais importante do que seu julgamento subjetivo. Os julgamentos , entretanto, enquanto ideias existentes, não devem ser reprimidos, porque fazem parte da expressão da totalidade"...  [Extraído de 'Memórias', p. 256/59. C. G. Jung. Editora Nova Fronteira. Título original do inglês: 'Memories, Dreams, Reflections'. 1961].
Veja também (click):

Carl Jung: Sua Visão Feérica da Terra, antes dos Astronautas! & O Templo Daqueles a Que Pertencia. (C. G. Jung).

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 Luz, Amor e Paz! (Campos de Raphael).


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