"Citarei a verdade onde a encontrar" - (Richard Bach)
A Dança das Partículas & O Self Quântico - (Danah Zohar).
“A alma do homem moderno clama por algo mais, por algum sentido de companheirismo com algo além de nós mesmos, por uma sensação de estar em casa dentro do Universo, nossa razão também exige que compreendamos melhor nossa experiência. A consciência é um fato desta experiência, e uma filosofia ou ciência que não consiga explicar a consciência está incompleta”. (Danah Zohar). [‘The Quantum Self’ - ‘O Ser Quântico’, p. 57. Editora Best-Seller. 1990].
“Será que nós, seres humanos, somos realmente diferentes de tudo o mais, como vem sustentando a tradição ocidental predominante, ou sob um aspecto importante será nossa consciência um contínuo com outras coisas do Universo? E, se for contínua, até que ponto se estende esta continuidade? Aos cães e gatos? Às amebas? Às pedras? Ou até elétrons? Já ao começar a pensar desta forma estamos experimentando uma boa mudança de paradigma”...
Os Outros Seres Vivos
"Somente os mais extremos defensores do caráter único do homem negariam a vida consciente dos mamíferos domésticos como gatos e cachorros [quem com eles convive sabe que são conscientes]... Eles se movimentam envolvendo-se em atividades espontâneas e propositadas, têm capacidade indubitável de sentir prazer ou dor, aprendem de seu ambiente e adaptam-se a ele e, ao menos até certo ponto, são dotados de livre-arbítrio – eles são capazes de fazer e de fato fazem escolhas".
O senso comum associa todas essas coisas à consciência, no caso dos seres humanos. Se os gatos e cães desfrutam de uma “vida interior” como nós, ou se possuem um senso do “eu”, é algo sem resposta por parte dos defensores de ambas as teses, mas em geral não temos dificuldade para perceber que são criaturas conscientes.
À medida que nos afastamos dos mamíferos mais comuns da vida diária, descendo pela escala filogenética, a sensação de “companheirismo” se torna menos impositiva. Argumentos baseados na analogia – nós somos conscientes e, portanto, as coisas que se parecem conosco são conscientes também – perdem sua força à medida que criaturas cada vez mais estranhas surgem aos nossos olhos, nem um pouco parecidas conosco...
Este é um dos problemas lançados pelo filósofo Thomas Nagel em seu ensaio muito debatido, “Como É Ser um Morcego?” Quando toda a experiência sensorial e estilo de vida de uma criatura são tão diferentes dos nossos, fica difícil saber “como é ser” aquela criatura, ou seja, que tipo de vida interior ou experiência interior ela tem.
Mesmo assim, parando para pensar, a maioria de nós atribuiria algum tipo de vida consciente aos morcegos, sendo que os biólogos (cuja experiência destas coisas é mais ampla do que a da maioria) estão dispostos a ir mais longe ainda, encarando organismos como a ameba e a anêmona-do-mar como criaturas conscientes.
“O autor está plenamente convencido”, diz H. S. Jennings no estudo sobre comportamento animal de W. H. Thorpe, “após um demorado estudo sobre o comportamento da Amoeba, de que se ela fosse um animal de porte, a ponto de entrar para experiência diária do homem, seu comportamento a dotaria de estados de prazer e de dor, fome e desejo e coisas semelhantes, exatamente nas mesmas bases em que se atribuiria estas coisas a um cão”...
O próprio Thorpe prossegue dizendo que “mesmo o comportamento da anêmona-do-mar é muito mais complexo do que se supõe. Não só há bastante movimentação espontânea, mas ainda elaborados padrões de atividade aparentemente propositados”. Todas elas, ressalta Thorpe, ficariam evidentes para nós se as víssemos num filme em câmara lenta...
De nossa parte, é provavelmente seguro supor, com as evidências que temos hoje, que quando falamos de consciência estamos falando de uma “propriedade” ou de um processo que nós, seres humanos, partilhamos ao menos em certo grau com todos os outros membros do reino animal. Esta suposição abrange os sentimentos intuitivos em relação a outros animais e aceita a possível validade dos argumentos filosóficos por analogia.
Assim, estabelecendo graus de qualidade e complexidade, podemos admitir que, em certo sentido, todos os outros animais têm uma consciência, são capazes de um determinado grau de atividade espontânea e proposital, são sensíveis a estímulos parecidos com prazer e dor e dotados de capacidade rudimentar de livre-arbítrio.
No sentido mais primitivo possível, a posse desse conjunto de qualidades significaria que existe algum tipo de “vida interior” subjetiva nos outros animais – toda criatura deve ter seu próprio “ponto de vista”. A aceitação disso pode muito bem afetar nossa postura moral em relação às criaturas diferentes de nós.
A maior parte das pessoas provavelmente tem pouca dificuldade em aceitar a tese até este ponto, isto é, aceitar ao menos a possibilidade de que todos os membros do reino animal possuem uma vida consciente em algum grau...
Algumas pessoas, ao menos, estão familiarizadas com a ideia – se não plenamente convencidas – de que outros seres vivos, como as plantas, também podem ser dotados de algum tipo de propriedade sensitiva rudimentar. Mas, se formos mais além, até chegar a uma posição pampsiquista, sugerindo que os objetos inanimados como pedras (para não falar em elétrons) devem ser incluídos no conjunto de seres conscientes da natureza, estamos indo além do alcance da maior parte das pessoas– ao menos daquelas influenciadas pela atmosfera intelectual dos últimos trezentos anos.
E, no entanto, nossa intuição moderna sobre tais coisas está em dissonância com muitas plataformas de nossa história cultural pré-cartesiana e pré-newtoniana. Mas, desde os tempos pré-socráticos tem-se alguma espécie de pampsiquismo organizado. O Uno de Parmênides ou o Fluxo Divino de Heráclito fazem supor que todas as coisas, conscientes e materiais, derivam fundamentalmente de uma fonte comum...
“Deus é o dia e a noite, o verão e o inverno, a guerra e a paz, a saciedade e a fome; mas assume várias formas, assim como o fogo quando é misturado com espécies leva um nome segundo o sabor de cada uma delas (...) O homem não sabe o quanto aquilo que sofre variação está harmonizado com ele”. (Heráclito. ‘Fragmentos’).
Antes disso ainda, os espíritos da natureza dos animistas povoaram as árvores, montanhas e nuvens de chuva da Grécia Antiga, da mesma forma que em muitas outras sociedades primitivas.
A metáfora da Grande Corrente do Ser, que retratou tudo como pertencente a uma única corrente unificada e completa, estendendo-se do homem às menores partículas da matéria inanimada, originada em Timeu de Platão, influenciou a visão de mundo da gente de toda a Idade Média e da Renascença. Apenas nesta era moderna é que perdemos grandemente o contato com esse antigo paradigma.
... Elevando a matéria ao nível da consciência, ou ao menos enxergando algumas propriedades conscientes incipientes em toda a matéria, muitos filósofos e psicólogos modernos (Spinoza, Leibnitz, William James, Teilhard de Chardin, Whitehead etc.), entraram em contato com uma realidade subjacente, não de todo alheia à sua própria experiência.
Muitos dos modernos pampsiquistas aceitam a doutrina em sua forma mais plena, acreditando que cada montanha, árvore, flor e partícula de poeira realmente possui uma vida interior psicológica. [Ver a experiência pessoal, resumida no final deste texto]...
Antes, devemos nos preocupar em ver o que a física moderna poderá lançar sobre a natureza da consciência, a fim de compreendermos o que há no relacionamento entre matéria e consciência, no nível quântico, e mais um punhado de filósofos baseados no trabalho daqueles, sejam considerados integrantes da tradição pampsiquista...
A lógica empregada no pampsiquismo limitado tem início no fato óbvio de que há somente um tipo básico de matéria. Segue-se daí que todas as coisas – animadas e inanimadas – são feitas da mesma coisa, e que parte desta matéria tem indubitável capacidade para a vida consciente e que, ao menos no nível quântico, há um diálogo criativo entre matéria e consciência de tal forma que a mente consciente do observador de fato influencia o desenvolvimento material daquilo que observa.
Como disse o filósofo, Thomas Nagel: “Cada um de nós é composto de matéria; esta tem uma história predominantemente inanimada até chegar aos códigos genéticos de nossos pais. Provavelmente já foi parte do Sol, mas a matéria vinda de outra galáxia faria o mesmo efeito (...) Qualquer coisa, se suficientemente decomposta e rearranjada, poderia ser incorporada a um organismo vivo. Não é preciso nenhum componente além da matéria”...
“Em certo sentido, a carne humana é feita de poeira de estrelas. Cada átomo do corpo humano, exceto apenas os átomos de hidrogênio primordiais, foram confeccionados em estrelas que se formaram, envelheceram e explodiram violentamente antes que o Sol e a Terra viessem a ser”. (Thomas Nagel).
Além disso, a matéria inanimada da qual nós, seres conscientes somos feitos, está sempre mudando – no caso de seres humanos ela muda totalmente a cada sete anos. Nenhum átomo sequer dos que agora contribuem para o feitio de meu ser físico era parte de mim sete anos atrás. Nossos corpos vivos estão em constante e dinâmico inter-relacionamento com outros corpos e com o mundo inanimado à nossa volta...
... Mas, quando Nagel sugere que algum aspecto da mente ou consciência possa estar associado a toda matéria, ele se refere ao que denominou “propriedades protomentais”, uma espécie de aspecto mental elementar da realidade que só se torna propriamente consciente quando adequadamente combinado a um sistema complexo.
Ele argumenta que tanto essas propriedades protomentais como a matéria elementar com a qual estão associadas talvez derivem de uma fonte comum, de um nível mais fundamental da realidade, que tem em si mesmo um potencial duplo de se tornar tanto mental como material.
“Tal redutibilidade a uma base comum teria a vantagem de explicar como poderia existir conexão causal recíproca entre fenômenos físicos e mentais”.
A descrição que Nagel faz de uma realidade mais fundamental que é a fonte comum de ambos, aspecto mental e material do mundo, é certamente compatível com o que se conhece da realidade quântica e da dualidade onda-partícula, e também partilhada por alguns importantes físicos quânticos. David Bohm, por exemplo, formado por sua longa carreira dentro da física e influenciado pelo pensamento pampsiquista de Spinoza e Whitehead, acredita que:
“O mental e o material são dois lados de um mesmo processo global que, como a forma e o conteúdo, estão separados apenas no pensamento e não na realidade. Há uma energia que é a base de toda realidade (...) Nunca há divisão real entre os lados mental e material em nenhum estágio do processo global”. (‘A New Theory of the Relationship of Mind and Matter’, p. 129. David Bohm)…
Para Bohm, como para Whitehead e Teilhard de Chardin, que vieram antes dele, essa visão da realidade como processo o leva a considerar a presença de propriedades protoconscientes (o protomental de Nagel) ao nível da física das partículas.
Vimos no capítulo anterior que, de alguma forma desconhecida, um elétron ou fóton (ou qualquer outra partícula elementar) parecem “saber” sobre as mudanças em seu ambiente, aparentemente reagindo de acordo com elas. Isso é válido ao menos sob condições experimentais, sendo um dos dividendos mais misteriosos do problema da observação [quântica]...
Bohm usa bela e evocativa analogia para ilustrar essas propriedades aparentemente “sábias” das partículas subatômicas. Ele compara o movimento dos elétrons no laboratório ao de bailarinos obedecendo a uma partitura musical. A partitura seria um “banco de informações comum a todos e que orienta cada um dos dançarinos à medida que executam seus passos...” [Lembra a alegoria expressa na figura do deus hindu, Shiva Nataraja – O Senhor da Dança]...
Por fim, qualquer discussão realmente produtiva sobre as possíveis propriedades conscientes das partículas elementares ou do relacionamento de matéria e consciência entre si, pede um casamento da física com a psicologia, que só pode se realizar mediante um bom modelo de como a consciência realmente funciona – um modelo da física da consciência.
“Tal modelo poderá, então, ser utilizado para explorar a questão de se a consciência que conhecemos e reconhecemos como tal em nós mesmos e em outros animais é uma propriedade emergente de sistemas complexos de vida ou se os sistemas complexos de vida simplesmente têm a capacidade de organizar de forma lógica as propriedades protoconscientes da matéria mais elementar”. [Extraído de ‘The Quantum Self’ (*) - ‘O Ser Quântico’, p. 58/69. Editora Best-Seller. 1990].
(*) O título original refere-se ao Self, ou Si mesmo, expressão de Carl Jung para referir-se ao nosso ser interior, imortal. Daí Danah Zohar sugerir “um casamento da física com a psicologia”.
Quando Danah fala de consciência quântica em todas as coisas, explicita de maneira científica o que experienciamos aos 34 anos no Castelo do Gral: as pedrinhas e florezinhas no chão, as muralhas e as montanhas ao redor, responderam de imediato ao fluxo de energia-Amor que fluiu do âmago de nosso ser interior. Isto nos revelou uma realidade subjacente e um continuum, ainda inconsciente, entre nossa consciência e aquela detrás de tudo no Universo; e existir a mesma essência divina no âmago de todas as coisas que interage com o Self – o ser imortal dentro de cada um de nós. (Campos de Raphael).
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Luz, Amor e Paz! (Campos de Raphael).