sábado, 7 de julho de 2012

ANJOS NOS CAMPOS DE BATALHA DA VIDA - (Campos de Raphael).

Introitos:

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O Mistério do Amor - 'Para Além da Mente'.
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Anjos nos Campos de Batalha da Vida - Campos de Raphael.
 

Há muito, muito tempo atrás, deixei a cidade natal no dia do 13º aniversário, portanto, sob a proteção especial do anjo da guarda  de meu nascimento na forma física, e embarquei num trem da antiga Leopoldina Railway, em Caratinga (MG), rumo ao Rio de Janeiro. Meu pai fôra trabalhar lá três meses antes, pretendendo levar depois o resto da família. E como eu era seu filho primogênito, coube a mim auxiliá-lo nessa batalha...

Jamais imaginaria que a "Cidade Maravilhosa" me reservaria os acontecimentos mais significativos da vida. Que no fluxo das tessituras do Destino iria reencontrar a companheira de jornada e também a “longuíssima via”, ao adentrar uma Escola Espiritual que seguia a linha universal de ensinos templários e do catarismo no Sul da França, ambos sob a égide da Fraternidade do Santo Graal.


A guerra começara em 1939 e Getúlio Vargas admirava Hitler e o trabalho social que realizava em prol dos trabalhadores; e os americanos, sabendo que o nordeste do Brasil lhes podia servir de base estratégica, faziam propaganda contra os alemães, na rádio e imprensa para influenciar o povo contra os alemães.

O Brasil permanecia neutro e aconteceu algo estranho: um navio brasileiro de passageiros foi torpedeado em águas costeiras; e o submarino subiu à tona para mostrar suas insígnias nazistas! Pense nisto: um submarino sai da Alemanha atravessa o Mar do Norte e o Atlântico e, ao invés de atacar algum navio de guerra americano, vem aqui para afundar um inofensivo navio de passageiros civis...
Os jornais estamparam o covarde ataque deixando todo o povo revoltado. Ingenuamente, eu disse a meu pai que se não fosse a pouca idade, alistar-me-ia para lutar contra esses odiosos alemães. O trágico evento - estratégia de guerra, como à bomba atômica que matou a população civil de Nagasaki e Hiroshima?! - pressionou Vargas a entrar também na loucura da guerra enviando as Forças Expedicionárias...

Criança ainda, como poderia eu sonhar que um decênio depois me casaria com uma "alemã" austríaca, e muitos anos mais tarde, na Alemanha é que reencontraria vários amigos e companheiros de jornada espiritual do passado, homens e mulheres, com idades variando de 18 a 90 anos?!

Foi uma das experiências mais marcantes, e ocorreu no Centro de Conferências de Christian Rosenkreuz, em Calw - terra natal de Hermann Hesse e Valentim Andrea, que publicou em 1616, 'O Casamento Alquímico de Cristão Rosacruz'...

Em 1980 minha esposa e eu viajamos por vários países da Europa, durante uma estadia de três meses. Tudo aconteceu a partir de um convite inesperado de alunos alemães que antes hospedáramos em Itanhaém (SP). Eles nos ensejaram a participar de um encontro   internacional no Centro de Conferências de Calw, Sul da Alemanha. Ali há alojamento masculino, feminino, refeitório e templo para 700 pessoas. No intervalo dos serviços templários, pode-se caminhar por trilhas bem sinalizadas da lendária Floresta Negra.


Acabáramos de chegar àquele Centro, quando um grupo de alunos brasileiros se juntou a nós no alojamento e ouvimos o alto-falante chamando para o jantar. Já íamos, quando cruzamos com um desconhecido e franzino alemão que nos saudou: Willkommem! Sede bem-vindos! A radiação que acompanhou a saudação me surpreendeu; voltei-me para um aluno carioca ao meu lado e comentei: “V. sentiu a irradiação de amor desse homem?!”

Os serviços templários e alocuções começaram no sábado e findaram num almoço fraternal no domingo ao meio-dia. À tarde minha esposa austríaca, que participara dos rituais como sacerdotisa, avisou-me que iria visitar um casal de velhos amigos, e como toda a conversa seria em alemão, aconselhou-me a permanecer ali com os brasileiros.


Mas, senti o impulso íntimo de acompanhá-la. A casa deles ficava a poucos quarteirões, e minha esposa me apresentou à dois alunos idosos, Elly e Oppa. Mas logo o reconheci: fôra ele quem nos saudou na chegada aos alojamentos!

Na ocasião, ele estava com 90 anos e não recordo o seu nome verdadeiro, pois o chamavam carinhosamente apenas de ‘Oppa’. Era conhecido em toda a região de Calw, visto que os jornais já haviam contado a odisseia desse veterano de duas guerras mundiais. E, enquanto Elly nos servia chá com deliciosos bolos típicos da Floresta Negra, Oppa nos contou como sobreviveu milagrosamente à duas guerras:
‘Os Anjos de Mons’, de W.H. Margetson. (Ilustra a visão de  muitos soldados em Mons, no dia 23 de agosto de 1914). [‘A Bíblia dos Anjos’, p. 205. Hazel Raven. Pensamento].


- Na Primeira Guerra mundial (1914-1918) como era jovem fui designado para lutar na frente de batalha; mas atirava de modo a não ferir ninguém, orando o Pai-Nosso: “Senhor, tu sabes que aqui estou contra a minha vontade; entrego a minha alma em tuas mãos. Seja feita a tua vontade!” E embora os companheiros ao meu redor caíssem feridos ou atingidos mortalmente, escapei ileso pela graça de Deus...


“Na Segunda Guerra (1939-45), já mais velho, deixaram-me nos acampamentos atrás da linha de frente. As bombas caíam ao meu redor e os companheiros morriam, enquanto eu orava o Pai-Nosso; mas também me foi dado sobreviver. E aqui ainda estou eu; até quando? Só Deus sabe!"...


Minha esposa então lhes contou a experiência profunda que em 1963 eu tivera na primeira viagem ao Sul da França. Ao ouvir o relato, Oppa levantou-se da mesa e pegou minha mão para mostrar-me algo; levou-me ao seu dormitório, o que normalmente um alemão educado não faz a pessoas que não pertença ao seu círculo de intimidade.


O aposento estava repleto de artesanatos que elaborava: delicadas paisagens compostas de florzinhas, folhas secas e sementes; cruzes cátaras esculpidas em madeira, rodeadas de pedrinhas, recolhidas nos santuários druidas e cátaros no Sul da França – a região onde eu também vivenciara profundas experiências, e até hoje guardo recordações.


Mas, o fato que mais me tocou foi que o aposento rescendia ao que Jung denominou de “odor de santidade”; lágrimas espontâneas afloraram das profundezas de meu coração e, num impulso incontido de reconhecimento espiritual, abracei-o, dizendo: Hertzbrüder! – “Irmão do coração!”...

Em razão talvez do retrospecto de tais acontecimentos, acordei ontem de madrugada com as palavras do Salmista: “Tal conhecimento é maravilhoso demais para mim”. (Sl,130). Pois comprovamos que os anjos da Sincronicidade nos acompanham nas adversidades e vicissitudes ao longo dos caminhos da vida, embora sem intervir, porque sabem que elas têm uma razão de ser na existência humana. Mas, prestam sempre seu amoroso auxílio e orientação, porque - “Deus jamais abandona a obra de Suas mãos“... (Campos de Raphael).

Luz, Amor e Paz! (Campos de Raphael)








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